05 maio 2008

Einstürzende Neubauten: Trabalhos oficinais

A oficina dos Einstürzende Neubauten assentou no palco da Aula Magna para mais uma demonstração da conjugação sonora entre o caos e o silêncio guiada pelo mestre Blixa Bargeld. Alinhamento à volta dos discos mais recentes da banda alemã que continua a corresponder a todas as expectativas dos seus fãs portugueses. Resultado? Mais um excelente concerto dos Neubauten por cá.

Uma visita dos Einstürzende Neubauten a Lisboa, na véspera tinham actuado na esgotada Casa da Música no Porto, é sempre motivo de atracção para as diferentes gerações que acompanham a carreira da banda de Berlim desde 1980. Esta noite a Aula Magna não esgotou mas registou a presença da plateia mais esclarecida e respeitosa de que nos lembramos de ver. O respeitinho é muito bonito e Blixa Bargeld impõe-o com a sua forte presença nos comandos da oficina electromecânica.
Os Neubauten apresentaram as suas composições mais recentes com natural incidência para Alles Wieder Offen.

Já se sabe que um concerto actual da banda já não tem o caos ruidoso de outros tempos, agora há um equilíbrio bem montado entre esboços de canções, murmúrios, guinchos, ou poderosas explosões industriais que caracterizam os Neubauten.
Talvez seja o caminho mais óbvio para a ilustração destas palavras, mas o melhor exemplo a dar é a fabulosa interpretação do surpreendente «Let's do it a Dada» do último disco editado que absorve em si um pouco de todas as componentes ao vivo do grupo.

Em palco só se sente tensão nos momentos mais ruidosos quando a banda entra em ebulição fazendo uso de todos os materiais dispostos em palco. No intervalo da música os Einstürzende Neubauten mostram-se acessíveis, bem humorados, e completamente descontraídos, apenas concentrados na missão de interpretar as suas composições na perfeição, o que nem sempre aconteceu como se percebeu por alturas de «Weil Weil Weil». Blix aproveitou mesmo para ir explicando ao longo da noite os processos de criação da banda suportados financeiramente pelos seus fãs que são compensados com acesso prioritário a discos, e outros bónus. Além de ter anunciado que o concerto estava a ser gravado em dois cds que seriam vendidos logo após a actuação, tal como já tinha acontecido na passagem pelo CCB há poucos anos.

Para o fim ficou um momento teatral em que resolvem pôr em prática um jogo com o objectivo de criar nova música. Um momento de improviso guiado por tarefas individuais tiradas à sorte de um saco preto com o logo da banda. Depois cada elemento tratou de interpretar a sua tarefa resultando numa peça musical de difícil explicação mas muito aplaudida. Ainda se seguiu a explicação individual de cada músico para o que tínhamos acabado de assistir. Com muito humor à mistura, e com sinceros agradecimentos, e elogios, da banda ao público. Desta vez totalmente merecidos, e justificados.