06 fevereiro 2009

Mogwai @ Aula Magna - Super Sónicos


(foto de Nuno Tadeu)

Os Mogwai regressaram a Lisboa e corresponderam com um excelente concerto ao carinho com que centenas de fãs os receberam numa sala esgotada.

Os escoceses Mogwai são uma instituição no que diz respeito ao rock que se move em cima de uma muralha de guitarras que vão abaixo em calmo andamento e depois vão acima em alta combustão instrumental. Fizeram escola, e ontem vieram dar uma lição à Aula Magna.
Há que diferenciar a banda de estúdio com a banda de palco. Dos discos podemos gostar mais de uns do que de outros, mas ao vivo a experiência é para ser absorvida com a mesma expectativa de início ao fim.

Um concerto dos Mogwai é quase como ir ver um filme de David Lynch. Sentamo-nos receptivos à experiência sensorial auditiva, concentramo-nos nos sinais visuais vindos do palco, o fumo que torna o local misterioso, as luzes verdes que cortam o escuro em linhas estáticas quando o andamento é mais calmo, e os flashes luminosos psicadélicos de luzes brancas que disparam nervosamente em todas as direcções clareando a sala nas descargas sónicas furiosas da muralha de guitarras que se ergue em palco.
É um cenário que convida o espectador a fazer o seu próprio concerto, a imaginar um argumento na sua cabeça para aquela banda sonora tirada do universo dos Mogwai que tanto vai da alegria escondida na melodia viciante, e lindíssima, de «Hunted By a Freak», como pode passar pela tensão e densidade de criações mais recentes como é o caso de «Scotland's Shame».

Em fórmula vencedora não se mexe, e por isso os Mogwai em palco movem-se sempre em torno da bateria com as suas guitarras em forma de quarteto, ou trio, conforme Barry Burns ocupava o seu lugar nas teclas ou na guitarra. É assim que durante hora e meia vão desfilando temas da sua discografia. Destaque para a ponta final brilhante antes do encore a atingirem os píncaros ao som de «Like Herod» e «Batcat» hipnotizando a plateia com explosões de cordas que ficaram nos ouvidos muito além do concerto, e nem faltou a sentida, e justa, homenagem ao falecido Lux Interior dos Cramps.

in Disco Digital