E como não fui ver nem a Coimbra, nem a Portalegre, cito o jimmy que publicou a seguinte prosa:
Coimbra em Blues no Teatro Gil Vicente 17 de Março
Alabama 4
“The fucking Alabama 3!” Entram em palco, os quatro elementos originários do Reino Unido, o vocalista Robert Love tem um chapéu preto de abas comprado em Portobello, os óculos escuros escondem o resto da sua alma. Sentam-se numas cadeiras de madeira, o guitarrista dedilha as cordas que ecoam na caixa acústica, que apoiam a voz da corista minúscula Devlin Love, de sombrero castanho claro, quando se levanta e abana as ancas o ar condicionado do Teatro Gil Vicente expele uma brisa marítima de Primavera tardia. Nos intervalos das canções Robert Love conta histórias onde pontuam armas e drogas, por vezes parece que está disposto a fazer-nos a folha quando tira os óculos e aponta o indicador: “That`s the sound of the police” e “they sound like: boom, boom, boom” e “ when I say, what´s the sound of the police? You sing: boom, boom, boom.” A respiração rítmica é evidenciada por uma harmónica que por vezes é um comboio à vapor a cruzar o oeste e por raras ocasiões ouve-se o choro de uma mulher vítima das diabruras do vício. O ácido dissolve-se na boca de Robert Love, tira o chapéu e ergue-se da cadeira, desloca-se à frente da plateia e incita-a a cometer um crime: beber uma cerveja e limpar a arma, sair de casa com ela escondida sob o casaco de cabedal preto e bater à porta da velha endinheirada que é a patroa da casa das putas: “If you don´t open the door, I will send your soul to the graveyard, because I woke up this morning and I got myself some coke!” A guitarra tem as cordas a arder e a harmónica quer mais cerveja, a corista ri das inconfidências de Love: “You threw up in the tour bus!” e regressa à sessão de tiros: “That `s the sound of the police!” e enquanto os seus colegas seguram o movimento sónico ele questiona: “Is anybody in this room who can sing as Johnny Cash?” There is nobody as Jonny Cash! Tonight I`m Cash!”
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