15 setembro 2008

Madonna @ Parque da Bela Vista: Desilusão


( foto de Rita Carmo - blitz )

O termo de comparação é a passagem de há poucos anos no Pavilhão Atlântico, e partindo desta base é fácil concluir já que a noite de ontem soube a pouco, e até a desilusão.
Madonna acabou de entrar nos 50 anos e faz questão de mostrar em palco que continua fresca fisicamente e com os dotes de bailarina/coreografa inatacáveis.
O problema está mesmo na música. E dando já o natural desconto de estarmos perante o auge do que de melhor o glamour da pop tem para nos dar, que como se sabe assenta mais na imagem do que no som, é preciso dizer que as canções de Madonna ao vivo conseguem perder em quase todos os aspectos para aquilo que se conhece dos registos de estúdio.

Já se sabe que nos dias de hoje a internet manda e concertos deste já não surpreendem ninguém que tenha espreitado, e até ouvido, os concertos anteriores desta digressão. Ontem o alinhamento não sofreu um único desvio e comprovou-se que as roupagens mais dançantes que Madonna resolveu dar a todos os temas, até os mais clássicos, descambam perigosamente na fronteira entre a batida dance e o ambiente de uma feira ao pé dos carrinhos de choque.
Depois há a aposta na imagem de cantora rock com a pose clássica de guitarra na frente do palco. Não é por maldade que escrevo que a senhora já não tem idade para andar ali a brincar ao air guitar, é apenas uma constatação. Acaba por ser ridículo ver Madonna a fingir que toca.
Mais grave é a sensação que invade a multidão que encheu completamente o Parque da Bela vista quando se ouve a voz de Madonna nas colunas enquanto ela em palco está a dançar sem estar a cantar. O fantasma de Britney Spears no Rock in Rio pairou por ali uns largos minutos.
Junte-se o efeito de sonolência provocado nas várias pausas disfarçadas com longos vídeos, ou a passagem de microfone a terceiros.

De resto o ritual foi cumprido, uns acenos para Lisboa e Portugal, alguns momentos bem conseguidos a nível gráfico e visual nos efeitos de palco, um som fabuloso a encher o recinto, ecrans bem distribuídos para que ninguém ficasse sem saber o que se passava lá em baixo no palco, e uma multidão de 75 mil pessoas sedenta de mega concertos a rejubilar em comunhão a passagem do ícone mais emblemático da pop.