Por Luís Gomes
O primeiro contacto com as novas canções já chegou há algum tempo; 1 de Junho na estreia do novo host no 'Tonight Show' with Conan O'Brien. A canção escolhida foi "Got Some". Poderosa, animada, mas o facto do já muito quarentão Ed perder um pouco o fôlego a meio tirou algum impacto à prestação.
Com o single 'The Fixer' as coisas mudaram por completo. A primeira audição possível, via myspace, com qualidade mediana, deixou meio mundo à nora. Uma canção pop? Repleta de yeah, yeah, yeahs?! Abrenuncio de novo! É o fim!
A versão definitiva começou a aglutinar mais admiradores, mas foi em Londres, num concerto promocional para 2000 pessoas, na magnífica sala Shepherd's Bush Empire a 11/08/09, que toda a gente ficou conquistada! Ao vivo a música resultou de imediato. É catchy, fácil e divertida. A letra bastante mais básica e imediata que o habitual, mas a soar na mesma a Pearl Jam.
Seguem-se as primeiras reviews do disco e aparece a unanimidade. A palavra fun é a mais repetida para descrever o disco.
Definitivamente um corte com o passado recente, onde além de letras politizadas, sentia-se o ambiente contrariado e contraído de quem tinha que ser governado por W. Bush. O novo disco aborda outras temáticas e com outra leveza. Em apenas 36 minutos dispara em registos colectivos de bom e divertido rock e até pop (como custou a muitos ouvir a explicação que a canção The Fixer, escrita por Matt Cameron tinha sido transformada aos comandos do Pro Tools na versão final que conhecemos por Vedder – o eterno punk rocker no coração), e registos que podiam ser do segundo disco a solo de Vedder, Into The Wild II.
Em geral e para fanáticos o disco é excelente. Num barómetro importante para estes, terá 4 ou 5 clássicos a repetir durante anos ao vivo. Para os restantes, tem um single que cavalga as tabelas de vendas no iTunes e tem tocado na rádio com insistência.
O produtor fetiche Brendan O'Brien, que se junta aos PJ depois de 8 ou 9 anos, já confessou que é simpático que já estejam disponíveis para terem sucesso, que é interessante que estejam disponíveis para lançar algo como 'The Fixer' depois dos 40 anos de vida e a chegar aos 20 anos de banda. E deve ser mesmo simpático para quem os rodeia vê-los disponíveis para evitar o auto-boicote sustentado em princípios mais ou menos sólidos, como aconteceu em anos idos, disponíveis para fazerem um single orelhudo.
The Fixer e Got Some perdurarão em setlists durante anos, Just Breathe tanto pode cortar o coração de quem estiver disponível, como ser a música de casamento mais popular dos próximos tempos – é linda de qualquer das formas.
Unthought Known tem uma batida irresistível e um Vedder a cantar no seu melhor. E entre coisas bem mexidas como Gonna See my Friends ou Amonsgt the Waves, chegam registos tristíssimos, de Vedder quase a solo, como Speed of Sound ou The End. Esta última um murro no estômago no tal disco fun, talvez a melhor música do crooner Vedder a solo...
Quem tiver a mínima simpatia pela voz de barítono de senhor Vedder, ficará assombrado ao chegar a última nota e as últimas palavras do disco 'My dear, The End, Comes near, I’m here, But not much longer '. Tudo isto salpicado com arranjos de teclas pelo produtor, arranjos de cordas e até uma 'french horn'.
Quem gostar de Pearl Jam, tem aqui um grande disco, quem não gostar tem aqui 3 ou 4 canções às quais não conseguirá ficar indiferente.
O que interessa um novo disco de Pearl Jam hoje em dia?
Nada! Literalmente nada, senão o pretexto para iniciarem nova digressão (http://www.pearljam.com/tour):
Aí sim, estão os Pearl Jam como devem ser ouvidos e quem os segue um pouco mais próximo da felicidade, numa espécie de Nações Unidas de boa gente atrás de boa música por esse mundo fora com temas à escolha de um catálogo que terá agora umas 200 canções, que se revezam incessantemente.
Mas esse é tema para outro dia...
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