Em noite fria que convidava mais a um serão caseiro em frente ao pequeno écran a ver a Liga dos Campeões, ou a gala dos 50 anos da RTP, ou ainda a outra gala da TVi, a sala lisboeta da Aula Magna registou lotação esgotada para receber e ouvir o francês Yann Tiersen.
Explicando o título desta crónica recordemos que a via que aproximou o músico francês da maior parte do público, que o recebe entusiasticamente em concerto, foi o... cinema. Não é muito comum, mas neste caso o desejado encontro com as composições de Yann é explicado pelas bandas sonoras que assinou para filmes como «Goodbye Lenin», e especialmente «Amélie»! Ou seja, é no grande écran que começa a empatia entre Yann e público, e nesta noite foi um claro triunfo do grande écran (cinema) sobre o pequeno da tv.
Yann Tiersen apresenta-se de maneira simples em palco, ocupa o lugar do meio num trio de músicos que ocupam a zona frontal do palco com as suas guitarras e baixo. Apesar de um cenário simples, há muitos jogos de luzes a acompanhar a música, focos apontados à plateia que vão rodando, e mudando de cor, luzes estreladas projectadas para trás do palco, conjugações luminosas que ajudam a projectar a música de Yann que vive muito de imagens imaginárias. Portanto tudo a bater certo.
È precisamente nos momentos em que os seus temas instrumentais ganham dimensão galopante naquela fórmula de estrutura em crescendo ,ou seja quando as músicas começam calmas e acabam em turbulências caóticas, e mesmo hipnóticas, que a o concerto de Tiersen atinge os seus pontos fortes, e altos. E esta noite tivemos alguns bons exemplos disso.
Curiosamente, um olhar mais atento pela plateia notava que após esses instrumentais muitos dos casalinhos de meia idade abandonavam a sala incomodados com a distorção vinda do palco. Foi uma imagem repetida no intervalo das músicas na recta final do concerto. Assim, foi sem grande espanto que se assistiu à efusiva reacção da plateia quando Yann foi buscar o acordeão, e depois o violino, nas últimas canções antes do encore.
O alinhamento não fugiu muito daquilo que se conhece da mais recente edição discográfica do compositor, quase todas as músicas do disco «On Tour» passaram pela Aula Magna, sendo que as conhecidas de «Amélie», e «Goodbye Lenin», foram especialmente aplaudidas.
Yann Tiersen correspondeu por completo às expectativas e voltou a assinar um bom concerto.
in
Disco Digital(foto publicada no
Luz de Palco de A. Padilha)