
Após um simpático convite o Grandes Sons vai mudar-se para a plataforma de blogues do Sapo a partir deste fim de semana.
O endereço será http://grandesons.blogs.sapo.pt/ e ficará automaticamente redireccionado a partir desta velha morada.
A norte-americana Melody Gardot vem à Casa da Música, dia 6 de Julho, e ao Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, dia 7 de Julho, apresentar o último álbum de originais, “My One and Only Thrill”, editado em Maio do ano passado. O disco, segundo longa-duração da cantora, consolidou-a como uma das vozes mais importantes do jazz actual, tendo alcançado o segundo lugar do top da categoria nos Estados Unidos e o 12º lugar do top inglês. CASA DA MÚSICA - SALA SUGGIA (6 DE JULHO) CCB - GRANDE AUDITÓRIO (7 DE JULHO)
|
www.melodygardot.com BILHETES À VENDA AMANHÃ, 5 DE MAIO, ÀS 10H00! CASA DA MÚSICA - SALA SUGGIA (6 DE JULHO) CCB - GRANDE AUDITÓRIO (7 DE JULHO) EM ESPANHA: BREAKPOINT (WWW.BREAKPOINT.ES) |
Christina Aguilera - Not Myself Tonight from Etternus Greco on Vimeo.
Há dois anos o Atlântico encheu-se no Dia do Pai para um concerto surpreendente de Alicia Keys com uma imagem e atitude em palco revolucionária em relação aquela com que ficámos de um final tarde no primeiro Rock in Rio. A menina tímida das belas canções ao piano tinha dado lugar a uma mulher solta no palco suportada por uma mega produção de palco ao nível do que de melhor divas da pop como Beyoncé já mostrava mundo fora. Em 2008, houve um concerto arrasador e inesperado de Alicia Keys a todos os níveis.
Agora em vésperas do Dia da Mãe, Alicia regressou ao mesmo local que registou um grande número de fãs mas longe da enchente de há dois anos. É inevitável recorrer à comparação entre as duas actuações e nesse aspecto não temos dúvidas em afirmar que este novo espectáculo não supera o da As I Am Tour. Na prática, Alicia está a apresentar um concerto revisto e actualizado com as canções do novo disco «The Element of Freedom».
O segredo que alimenta a estabilidade de Alicia no top está no facto de os seus discos terem sempre dois ou três enormes singles tocados à escala mundial e a gosto de todos os seus fãs. Assim se percebe o entusiasmo com que foram recebidos os momentos de interpretação de «Empire State of Mind», dedicado a Lisboa, ou mesmo de «Another Way to Die», momento alto mesmo sem a presença de Jack White nem imagens de James Bond.
Todas as qualidade de Alicia mantém-se intactas: voz carregada de alma, simpatia e respeito pela plateia, mantendo uma relação muito própria com as teclas que lhe deram fama e alcunha agora levada ao extremo quando se apresenta com um teclado em forma de chave usado como se de uma guitarra se tratasse.
jjoaomcgoncalves@gmail.com
Os Supertramp anunciaram a digressão "70-10", em celebração dos 40 anos da edição do primeiro álbum, "Supertramp", em 1970. A digressão começa dia 2 de Setembro em Halle, na Alemanha e inclui 35 concertos em vários países: Portugal (14 de Setembro no Porto e 16 de Setembro em Lisboa), França, Alemanha, Áustria, Suíça, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Inglaterra e Irlanda. Para além do criador, vocalista e teclista, Rick Davies, a formação conta com os lendários membros dos Supertramp, John Anthony Helliwell, saxofone e sopros, e Bob Siebenberg, bateria. A formação fica completa com outros músicos que já estiveram em digressão com os Supertramp: Jesse Siebenberg, voz, guitarra e percussão; Cliff Hugo, baixo; Carl Verheyen, guitarra, e Lee Thornburg, sopros. Rick Davies e o técnico de luz, Michael Brian Duncan, estão a desenvolver uma nova produção que vai possibilitar ao público uma completa experiência do que são os Supertramp, um delírio sonoro e visual. Os ensaios estão a decorrer em Nova Iorque e durante a actuação de mais de duas horas, os Supertramp vão tocar um número incrível de clássicos, onde se incluem "Bloody Well Right", "Dreamer", "From Now On", "Goodbye Stranger", "The Logical Song", "Rudy" e muitos, muitos outros. PAVILHÃO ROSA MOTA (14 DE SETEMBRO) PAVILHÃO ATLÂNTICO (16 DE SETEMBRO) |
BILHETES À VENDA SEXTA-FEIRA, 23 ABRIL, ÀS 10H00 PAVILHÃO ROSA MOTA (14 DE SETEMBRO) EM ESPANHA: BREAKPOINT (WWW.BREAKPOINT.ES) |
Os lendários The Specials, expoente máximo do movimento SKA (ou 2 Tone) vêm ao Festival Paredes de Coura para uma celebração de trinta anos de carreira, recheada de grandes momentos e que só o público deste grande festival merece. Temas como “A Message To You Rudy”, “Rat Race”, “Maggie’s Farm”, “Ghost Town”, entre outros hinos, farão parte certamente, da grande festa que se deseja nas margens do Rio Coura. Grande fenómeno da cena indie-pop da actualidade, os britânicos Klaxons vêm ao Festival Paredes de Coura apresentar o seu novo álbum a editar ainda este ano. Diz quem já ouviu, que será um dos discos mais violentos que a Grã-Bretanha conheceu. Tal como os seus compatriotas Sex Pistols e The Clash, os britânicos Gallows, banda hardcore punk, fundem toda a raiva e indignação pelo estado da sociedade em que se encontram inseridos em riffs de guitarra fortes e gritos de revolta, pela voz furiosa de Frank Carter. Banda post-hardcore, os britânicos Enter Shikari, fazem uso na sua música, de muitos efeitos sonoros sintetizados, misturados na força das guitarras. O seu álbum de estreia, “Take To The Skies”, lançado em 2007, atingiu o 4° lugar no top de vendas en Inglaterra e fizeram parte da NME’s “New Noize 2007”, relativo a bandas com grande probabilidade de sucesso nesse ano, que incluía entre outros, os Arcade Fire, Hot Chip e Bloc Party, batendo certa a previsão, dada a popularidade conquistada pela banda nos quatro cantos do mundo. Ao segundo álbum, “Common Dreads”, editado em 2009, a banda apresenta-se no palco principal do Festival Paredes de Coura. Enraizados na cultura pop-punk britânica, os White Lies não negam as suas influências nos Joy Division, Echo & The Bunnymen ou Teardrop Explodes. Este quarteto londrino lançou em 2009, “To Lose My Life”, único álbum gravado até à data, mas que já foi motivo suficiente para despertar a atenção nos média e no público em geral, recebendo inclusivamente prémios de algumas das mais prestigiadas revistas e britânicas, como a Q Magazine e a Mojo e sendo igualmente nomeados pelo NME e pela MTV, todos na categoria de melhor banda emergente. Pouco há ainda para dizer acerca dos We Have Band, mas haverá certamente, muito para descobrir sobre este auto-intitulado “disco-rock trio”. Uma agradável mistura de pop dançável e electro, por alguns considerada uma mistura de Hot Chip com Talking Heads, que poderá ser comprovada no álbum de estreia “WHB”, editado este ano.
|
1) The Specials - "A Message To You Rudy", 2) Klaxons - "Golden Skans", 3) Gallows - "In The Belly Of a Shark", 4) Enter Shikari - "Sorry You're Not a Winner", 5) White Lies - "To Loose My Life" e 6) We Have Band - "Oh!". |
www.thespecials.com
BILHETES À VENDA SEXTA-FEIRA, 16 DE ABRIL PASSE 4 DIAS C/ CAMPISMO (ATÉ 17 DE MAIO) * 60,00 EUROS FNAC, WORTEN, CTT, SITE OFICIAL (WWW.PAREDESDECOURA.COM) |
Quem no seu perfeito juízo daria emprego a Alberto Gonçalves? A pergunta pode parecer despropositada, sobretudo para quem, como eu, não fazia sequer a mais pequena ideia da sua existência. Esse estado de graça foi, no entanto, profundamente abalado quando há menos de uma hora uma pessoa, igualmente desconhecida, mas certamente preocupada, teve o cuidado de me fazer chegar ao conhecimento a pateta crónica «O ‘hip hop’ também mata» assinada, precisamente, pelo senhor Alberto Gonçalves. O que fará tal senhor na companhia de tão ilustres cronistas quanto Adriano Moreira, António Perez Metelo ou António Vitorino desconheço. Provavelmente, e a julgar pelo já referido texto, não terá obtido o cargo das mãos de alguém «no seu perfeito juízo».
O conservadorismo de direita bacoco e retrógado é indisfarçado nas entrelinhas desta crónica, como nas de outras que tive o cuidado de ir procurar – afinal de contas o problema que revela ter com o hip hop não é muito distante do que expõe em relação a quem ousa fugir a uma norma imaginária de decência: como Daniel Day Lewis que usou argolas nos Óscares ou a premiada na categoria de Melhor Argumento que «possuía tantas tatuagens quanto os ferimentos de guerra de John McCain» (tiradas de elevadíssima moral a que tive acesso por via de uma reacção do blogue Arcebispo de Cantuária a uma crónica de Alberto Gonçalves publicada na revista Sábado – e parecem ser abundantes os empregadores com baixo grau de «perfeito juízo»…).
Na crónica «O ‘hip hop’ também mata», Alberto Gonçalves começa por dissecar as reacções à mediatizada morte de Nuno Rodrigues, o MC que adoptou o nome Snake, para depois declarar, com a propriedade omnisciente de quem se coloca num plano superior, que se há quem defenda que essa morte se deve a um estereótipo a verdade também é que «a responsabilidade pelo estereótipo cabe inteirinha ao sr. Rodrigues». Eu não conhecia o senhor Nuno Rodrigues e pouco conhecia do MC Snake. No entanto nunca ousaria presumir conhecer quais as escolhas que tanto o homem como o MC fizeram em vida. Certezas tenho em relação à sua condição: sei que não escolheu a cor de pele com que nasceu, nem o bairro em que cresceu ou as oportunidades e obstáculos com que se deparou. Não sei sequer se terá escolhido o hip hop ou se terá sido o hip hop a escolhê-lo a ele. Sei é que se por acaso Snake se encaixava em algum estereótipo isso não terá certamente sido resultado de uma escolha. Ninguém escolhe ser uma casualidade, uma estatística ou um número. E quem escolhe o hip hop almeja sempre a superação e a sobrevivência – ou seja, a fuga ao estereótipo, a recusa de ser uma mera entrada num catálogo estatístico qualquer.
O senhor Alberto Gonçalves dedica depois boa parte da sua crónica a debitar uma série de lugares comuns sobre o hip hop. Que é primário, que não é música, que é confrontacional, escreve. «É, vá lá, um estilo de vida, traduzido à superfície no vestuário ridículo e nos gestos animalescos». A foto disponível no cabeçalho da coluna «Dias Contados» (vale a pena explorar os arquivos desta coluna num exercício que é mais ao menos o equivalente a um mergulho nos mares do Japão, tal a quantidade de pérolas que se encontram), onde se publicou esta crónica, é ínfima, mas ainda assim revela que o senhor Alberto Gonçalves pertence aquela classe-cinzenta-do-blazer-azul-escuro-usado-sobre-camisa-azul-um-pouco-mais-claro-sem-gravata-que-um-homem- não-tem-que-sofrer-todos-os-dias. Vestuário uniforme ridículo, claro, nesse degradé tão mortiço que, afinal de contas, só reflecte uma visão mesquinha da vida, animalesca de tão predadora, de tão selvaticamente empedernida.
O senhor Gonçalves prossegue depois com o seu exercício de ódio, apontando as suas farpas às letras, num toureio cego: «As letras, que certa “inteligência” considera “poesia das ruas”», escreve, «são, além de analfabetas, manifestações de rancor social. Por norma, são também glorificações do crime e panfletos misóginos». O retrato do senhor Gonçalves contido nestas linhas é tão claro que a tentação de as deixar sem resposta é grande. Duvido sinceramente que tenha ouvido todo o hip hop, única forma de justificar tamanha acusação. Esta imagem, formada à pressa depois de visionar meia dúzia de clips no YouTube, é no entanto clara na forma como realça os medos primários e injustificados que parecem existir no íntimo do senhor Gonçalves.
Segue-se um extraordinário parágrafo onde Alberto Gonçalves inventa uma nova genealogia para o hip hop, «braço musical tardio do black power», afirma. Explica o senhor que a «”identidade negra” somente se define contra o “sistema”, numa postura de desafio e fúria que a “inteligência” julga legitimada por uma suposta opressão». Cada uma destas “preciosidades” mereceria em si uma longa refutação, mas optando pela mesma estratégia telegráfica e sabichona do senhor Gonçalves, permito-me apenas dizer que o Black Power influenciou muito mais uma senhora como Nina Simone, que imagino que faça parte da sua colecção politicamente correcta de cds (deixe-me adivinhar, além de um best of com o menos bom de Nina Simone terá o quê? Um ou outro Dylan para impressionar amigos de esquerda, Rui Veloso, música clássica genérica, ópera para justificar a sobranceria musical, um Chico Buarque que secretamente não compreende mas que acha que lhe fica bem e que mais?), do que os pioneiros Afrika Bambaataa e Grandmaster Flash (nomes ridículos, já sei…) que em meados dos anos 70 estavam muito mais preocupados em fazer a festa do que a revolução. E depois, claro, vem o exemplo Uncle Tom do Louis Armstrong, o preto que se portava bem e até cantava a plenos pulmões como o mundo era bonito, coisa que Rosa Parks não percebia lá muito bem.
O bem informado senhor Gonçalves diz depois que o hip hop é uma invenção da indústria discográfica e televisiva, coisa difícil de compreender quando os livros de história nos revelam que as editoras demoraram a acordar para esta força cultural e que a televisão – a MTV – só depois de esgotar o apelo das cabeleiras carregadas de laca do hair metal de Los Angeles é que decidiu explorar as avenidas de Nova Iorque, já os anos 90 iam bem lançados. Segue-se a colocação das coisas em perspectiva usando uma ideia de contrastes que opõe literatura (qual? a de Margarida Rebelo Pinto?) à “poesia das ruas” (as aspas são do senhor Gonçalves, pois claro), que opõe música ao ruído (qual? o de Stockhausen?), educação (qual? a das escolas degradadas, mal equipadas?) à agressividade… Bocejo.
A estocada final na tentativa de diminuição do hip hop conduzida por Alberto Gonçalves chega com a procura de legitimação das suas opiniões extremadas junto de dois (Uncle) Thomas – Sowell e McWhorther – vozes dessa rara espécie de negros republicanos e conservadores que se pudessem usavam chapéus de cowboy o tempo todo e acompanhavam as digressões inteiras de Garth Brooks. E depois vem a citação de Stanley Crouch sobre 50 Cent que me forneceu o mote para o arranque desta resposta: «quem no seu perfeito juízo daria um bom emprego a 50 Cent?». Num parêntesis, Alberto Gonçalves tem o cuidado de referir que 50 é «uma das vedetas do género que ainda não tiveram morte violenta» porque, como sabemos todos, no rock toda a gente se reforma e morre de velho. Mas talvez isso só não tenha acontecido por 50 ainda não se ter encontrado com o próprio Stanley Crouch, crítico e historiador conhecido por esmurrar quem dele discorda. E, claro, por ser um defensor desse outro elevadíssimo e progressivo negro que é Wynton Marsalis, homem que acha que o jazz pertence aos museus e que devia ser música de reportório onde esses tipos modernos que fazem dos trompetes e saxofones fontes inesgotáveis de barulho não deveriam ter lugar.
Face a isto, temo até em imaginar como terão sido as conversas de café do senhor Alberto Gonçalves por altura do arrastão, esse outro fenómeno de estereótipos em corrida livre pelas praias alvas da imaginação de outros Gonçalves desta vida. Será que não percebe, senhor Alberto Gonçalves, que o estereótipo é o que tem à sua frente, no espelho?
Rui Miguel Abreu
Este blog mudou de endereço e agora está em http://grandesons.blogs.sapo.pt.