Fico contente quando vejo que um concerto de uma lenda jamaicana arrasta uma pequena multidão para celebrar a sua música. Não é surpreendente porque já tinhamos percebido que Portugal acordou para o reggae de vez, os concertos recentes de Max Romeo, ou Burning Spear, em Lisboa tiveram casa cheia. Gregory Isaacs pertence à galeria dos dois nomes citados, lendas jamaicanas, por isso pode considerar-se normal a numerosa presença de público.
Por outro lado, e não querendo beliscar o excelente esforço da Positive Vibes, acho que já começa a ser tempo de colocar estes grandes nomes em locais mais, vamos lá, dignos...
Ontem tudo aconteceu num pavilhão perto das docas de Alcântara com uma acútica terrível. Mesmo assim nota alta para a actuação do senhor Gregory Isaacs que esteve ao nível dos seus conterrâneos a nível exibicional.
Está lá tudo, a voz, a entrega, os excelentes músicos, o balanço, o ritmo, e a figura impecável do artista com o seu chapéu.
Um grande concerto de reggae, onde não faltaram os êxitos da sua carreira na recta final da actuação que termina sem encore. É um senhor, sai de palco com um sorriso estampar, acena ao massivo e retira-se para o seu mundo abençoado por Jah.
O pior da noite, e começa a ser habitual nestas organizações, é termos que levar com o reggae feito, e escolhido pela malta do surf que ainda não sabe bem o que significa reggae/roots, e baralha Jamaica com Alemanha. Foi penoso esperar mais de duas horas pela entrada do mestre.
Sem querer melindrar ninguém fica o recado: brancos, deixem o reggae para quem sabe.
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