Repito-me; os Massive Attack não sabem dar maus concertos. Mais uma noite em Lisboa, mais uma prova.
O que leva uma multidão a encher a sério o Coliseu de Lisboa numa segunda feira à noite, com bilhetes a cima dos 30€ para ver uma banda que não lança um disco de originais há uns anitos, e que já nos visitou mais de uma dezena de vezes?!
É o sucesso de uma fórmula que vigorosa desde o início dos anos 90. Combinação perfeita das batidas electrónicas com os graves do baixo, e colaborações cirúrgicas que nos transportam da hipnose de Teardrop, às raízes do reggae recuperando a lenda Horace Andy. Tudo isto resultou em grandes discos que marcam a história da música recente, sendo que Blue Lines de 1991 é considerado um dos melhores dos 90's, tal como Protection, ou mesmo Mezzanine.
Ao vivo 3D, e Daddy G, nunca desiludem e desfilam com sabedoria os pontos altos de uma respeitosa carreira, e o facto de se fazerem acompanhar de Horace Andy garante-lhes logo meia noite ganha.
Desta vez trouxeram também Elizabeth Fraser com eles. E só a interpretação da ex-Cocteau Twins em Teardrop já valia parte do bilhete.
Eu vi os Massive Attack em 95 no Super Rock, assisti à inesquecível noite de estreia do Pavilhão Atlântico onde aconteceu o momento mágicos dos isqueiros a acenderem ao ritmo da música. Depois voltei a vê-los noutro Super Rock em vésperas de Euro'04, dois anos mais tarde em Santos, e já os tinha visto no Coliseu por alturas em que o Porto ganhou a UEFA. Junte-se ainda duas actuações no Sudoeste, e feitas as contas foi a 8ª vez que os vi ao vivo.
E se posso continuar a afirmar que a banda de Bristol não dá maus concertos, também devo dizer que já os vi mais dedicados, com actuações mais longas, e com mais garra. Em comparação com a passagem em 2003 no Coliseu, a noite de hoje fica a perder largamente. Em som, imagem, e emoção.
Mas hoje tivemos Elizabeth Fraser só para nós e isso faz do concerto mais uma noite ganha pelos Massive Attack.
Hoje tocam no Porto.
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