É o regresso de Xavier Rudd a Lisboa.
Recordemos a passagem dele pela Aula Magna no último mês de Outubro:
Xavier Rudd pode ser um desconhecido para a maior parte dos leitores, mas chegou à sala de Lisboa já com uma numerosa legião de seguidores, ao ponto da Aula Magna ter registado casa quase cheia. E depois de se assistir a mais um concerto do australiano em Portugal, percebe-se que esta legião não vai parar de crescer, porque a sua actuação é muito convincente
Para quem costuma ir à Aula Magna regularmente por certo que conhece as figuras irritantes que por lá passeiam autoridade em noites de concertos, são aqueles seguranças capazes de nos abordarem por estarmos de pé num corredor, ou mal sentados, ou outra coisa qualquer. Pois bem, ontem foi a noite da vingança. Xavier Rudd com aquele ar pacato, sozinho em palco, conseguiu deixar em desnorte total a segurança da sala quando desafiou os seus fãs a invadirem o palco para se sentarem à sua volta, qual praia em noite de verão. O repto foi aceite à sua vez, era ver o público a correr das cadeiras mais altas para a frente do palco e subirem para o pé (descalço) de Xavier. Momentos de anarquia, momentos inesquecíveis para quem há muito desejava ver alguma agitação naquela sala. A adesão à corrida ao palco foi tão elevado que o concerto teve de ser interrompido para que um elemento da empresa organizadora do evento viesse ao microfone avisar que o pública poderia ficar apenas uma música por ali, depois ou iam para as cadeiras, ou não havia mais nada para ninguém. A malta assobiou, e Xavier atirou-se a mais música.
O espectáculo de Rudd é empolgante, o homem apresenta-se em palco num estilo The Legendary Tigerman da… praia. Rodeado de instrumentos de sopro, percussão e muitas violas, e com um cenário a fazer lembrar uma tenda hippie na areia, vai tocando canções dos seus álbuns que a maioria acompanha com palmas, e canta nos refrões.
O registo vocal faz lembrar um Paul Simon com mais agudos, e as letras são simples e eficazes. Mas a componente mais interessante, é quando o músico se atira a instrumentais que combinam rápidas batidas com som tirado dos três «didgeridoos» que invariavelmente leva a assistência a saltar e dançar sem parar, num ambiente parecido com o melhor som que os Blasted Mechanism conseguem tirar em processos semelhantes. Só que aqui é só um a fazer sons, e faz de uma maneira impressionante! Xavier é a coordenação de movimentos em pessoa. Uma sincronia impressionante.
A malta que ocupou o palco foi saindo aos poucos perante o atento olhar de seguranças e organizadores, e até de um polícia que se posiciou na parte esquerda do palco!Xavier esteve deliciado, com um sorriso de criança estampado no rosto, não se cansou de elogiar Lisboa, de agradecer e prometeu voltar. No Festival Sudoeste deve ser certinho. O concerto terminou com Xavier Rudd de pé a agradecer enquanto desaparecia no meio dos fãs que depressa correram para ele para o cumprimentar e pedir autógrafos, para trás já tinha oferecido uma harmónica a uma fã. Grande noite. Arrisco dizer que será presença certa no próximo Sudoeste.
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