(Lykkie Li fotografada por Rita Carmo)
Nesta segunda noite a agitação humana na Avenida da Liberdade foi menor em relação à noite anterior. No entanto o entusiasmo foi o mesmo e as salas voltaram a estar bem compostas para esta segunda volta do Festival. Destaque inteiro para os concertos dos Walkmen, e Lykke Li.
O fenómeno Santogold arrastou só por si uma grande legião de fãs que hoje nenhum nome conseguiu igualar. Por isso circulou-se melhor pelas diferentes salas, e deu para andar a espreitar mais concertos.
A história desta segunda noite do Super Bock em Stock conta-se essencialmente através de dois grandes concertos ilustrados com numerosa plateia revelando a atenção do público para projectos prometedores.
Logo a abrir a noite a sueca Lykke Li convenceu à primeira valendo logo por si a deslocação, em noite mais chuvosa que a primeira, ao Teatro Variedades. Num registo mais cru e directo daquele que se conhece do trabalho de estúdio "Youth Novels", Lykke Li arrancou um belo concerto dedicando músicas aos corações destroçados, ou surpreendendo tocando uma versão dos Vampire Weekend. Expectativas confirmadas, e ouvia-se ao longo da noite vários espectadores comentarem que tinha sido aquele o melhor concerto do festival.
Opinião diferente circulava nos corredores do Tivoli após convincente actuação dos nova iorquinos The Walkmen. Apesar de já contarem com 8 anos de actividade só agora a banda parece reunir maior atenção muito por culpa do álbum recém editado ««You and Me» que terá sido um dos maiores culpados pela enchente que a sala registou. O grupo de Hamilton Leithauser soube aproveitar a boa maré e correspondeu com garra ao empenho do público português que mostrou conhecer a obra dos Walkmen. Além do consenso de se ter assisto a um grande concerto, ouvia-se muitas comparações com o fenómeno The National. A ver vamos se os Walkmen continuam a crescer por cá, hoje estiveram muito bem.
Também nota positiva para o concerto que Phoebe Killdeer assinou na Sala 1 do São Jorge onde soube conquistar o público tema a tema acabando por manter o espaço com muitos lugares ocupados. Apresentou o seu disco de estreia «Weather's Coming» onde revela toda a sua enérgica música longe dos ambientes mais contidos do projecto que a projectou; os Nouvelle Vague.
Em alta estiveram os projectos nacionais do alinhamento do Festival.
Os peixe:avião juntaram muitos curiosos, e seguidores, na Sala 2 do São Jorge onde defenderam bem ao vivo um dos discos mais aclamados deste ano «40.02».
Mais tarde na sala principal do mesmo Cinema os Deolinda regressaram ao espaço em que no início deste ano o Disco Digital os elogiou prevendo o caminho do sucesso que merecidamente a banda tem conhecido. Regresso feliz, claro.
Já depois da meia noite os X-Wife sentiam o prazer de tocar para uma plateia cheia, e com gente a fazer fila para entrar, no Teatro Variedades, e não desiludiram.
Em português cantou Marcelo Camelo, nova coqueluche da música brasileira, que apresentou o seu disco a solo "Sou" num Tivoli bem composto. Em tom mais intimista o homem que deu voz aos Los Hermanos mostrou porque lhe chamam o novo Chico Buarque, rótulo que dispensa mas que lhe cai bem.
Uma última nota para a passagem de Demarco pelo Festival que veio complementar o toque reggae deixado na véspera por Tanya Stephens. Mais virado para dancehall o ritmo quente de Demarco merecia mais público. Duas apostas para repetir num futuro breve dentro do contexto musical do reggae.
É um saldo francamente positivo que brilha no fecho deste novo Festival que animou boa parte da Avenida da Liberdade no coração da Capital. É certo que daqui a um ano estaremos de volta numa edição revista e aumentada.
in Disco Digital