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16 agosto 2006
Paredes de Coura - Morrissey à Chuva
Morrissey já deixou a sua marca no imaginário de concertos em Portugal. Ou seja, uma passagem em cheio pelo norte do país com polémica, humor, e com opiniões divididas.
Nestas coisas de reacções a concertos a muito esperados, há sempre muita subjectividade. Trata-se de fazer um balanço final e saber se correspondeu às expectativas, ou não. E é aqui que tudo começa, as minhas expectativas eram altas, mas não enormes. Nunca tinha visto o senhor ao vivo, logo não ia ter termo de comparação, e o que mais desejava era que Morrissey se mantivesse fiél aos seus últimos anos.
Sim, nunca fui fã dos Smiths, e sim, só me rendi às melodias e composições de Morrissey quando ele fez "You Are TheQuarry". Por isso fui a Paredes na certeza que ia ver um concerto baseado no disco de 2004 e no mais recente Ringleader of the Tormentors.
Feito este esclarecimento é fácil perceber que adorei o concerto desde a primeira música. A entrada foi bem humorada com Morrissey na boca de palco com a banda a agradecerem a recepção, e com o inglês a pedir ajuda à plateia de Coura para atacar os primeiros temas.
Cumpriu o esperado, seguiu pelo alinhamento dos seus mais recentes discos, e ao fim de poucos minutos uma chuvada bem forte começa a cair sobre o recinto.
Um cenário lindo como o de Paredes de Coura, um cheiro a terra molhada, e a visão de Morrissey a cantar entre a chuva inesperada.
Tudo feito para que o momento fosse inesquecível.
Mais de uma hora com o melhor das suas recentes canções, só duas passagens pelo universo Smiths, e um anúncio de adeus antes de começar a tocar Panic. Vinha aí o momento mais polémico da noite. Morrissey despede-se, a banda começa a tocar, e ele leva-a até meio, altura em que faz sinal para acabarem, e desaparece do palco. Segundos depois, todos os músicos abandonam e perante uma assistência incrédula termina o concerto!
Terá sido birra? Puro humor? Ironia para os fãs de Smiths? Maneira original de final? Organização a ordenar o fim por motivos de horários?
Fica a dúvida eterna.
O concerto foi excelente,e não vai ser esquecido.
(foto de Oslo)