Caetano Veloso deu um concerto na passada 4ª feira no CCB. Para quem como eu não liga muito à lenda da música brasileira, o espectáculo terá passado ao lado. É normal.
O grave é quando encontramos relatos de fãs que pagaram 20 euros, ou tiveram convite, e que viveram uma noite de desilusão quanto às condições no local do concerto!
Aqui ficam os pormenores contados por uma insuspeita admiradora do brasileiro, Petra:
Existe gente muito doente, muito incompetente e muito imbecil dentro da direcção do CCB (e da promotora do concerto de ontem). Gente que tem o descaramento de pedir preços altíssimos para um concerto que, já se sabe, esgotaria sempre e que entende por bem realizar o evento num local sem as mínimas condições de conforto ou de som.
O que aconteceu ontem à noite foi uma vergonha!
Os lugares em pé custavam €20(ou seja, não estamos a falar de lugares a €5 ou de borla - estamos a falar de 4 mil escudos, é dinheiro porra, é o preço de um bilhete num concerto na Aula Magna, dum lugar barato no Coliseu, para mencionar apenas duas salas) e o que eram, afinal esses lugares em pé? Passo a explicar.
Eram a entrada da tal Praça do Museu onde montaram o palco, um pequeno espaço de pátio em pedra, à altura exacta do resto do espaço, sem qualquer tipo de elevação que permitisse a quem estava de pé o mínimo de visibilidade e, como se não bastasse, SEM NENHUM TIPO DE SISTEMA DE SOM, SEM UMA PUTA DE UMA COLUNA, SEM NADA que desse a quem ali estava o privilégio (que foi pago, nom d'un chien!) de ouvir Caetano, já que todos percebemos que não iríamos ver ponta de corno. As reacções foram diversas. Vi imensa gente tentar saltar para o lado das cadeiras, gente furiosa que antes de ser escoltada para fora gritava com os seguranças, sempre incapazes de lidar com as pessoas numa situação em que claramente tinham razão e que as tratavam como se estivessem a tentar furar o espectáculo sem ter bilhete. Não vi o Caetano e só depois de se ter começado a gritar ESCANDALO! NÃO TE OUVIMOS CAETANO (que também gritei e aplaudi) é que algum iluminado na mesa de som achou por bem aumentar o volume para que os leprosos cá do fundo não pagassem 20 Euros para ficar completamente alienados do que se passava lá à frente. É preciso ter muito amor ao Caetano para não ir embora, foi o que pensei para dentro. Aos senhores que estavam sentados, pergunto: valeu a pena pagar tanto? A sensação que fica é que nem eles viam grande coisa e que o som, pelo menos para quem estava nas filas imediatamente à frente da tal "plateia em pé", era igual ao que nós tínhamos cá atrás.
O outro rídiculo da noite passa pelas próprias condições técnicas que foram dadas ao Caetano. Como é que aquela gente organiza um concerto ao ar livre, num local com ventos laterais fortíssimos (disse Veloso que lhe garantiram que o vento baixava assim que o sol se pusesse - não, mas! a sério!, aquela gente é de marte?), não tem o cuidado de resguardar o palco de forma a que o vento não afectasse o som e nem sequer tem equipamento preparado para lidar com isso? Como é que é possível num concerto onde os bilhetes ascendem a 65 Euros, que a voz de Caetano tivesse sido tantas vezes distorcida pela ventania? Alguém me explica?
À parte boa da noite, infelizmente, reservo poucas linhas. Do pouco que ouvi, o homem continua maravilhoso nas suas canções intemporais. Cantou alguns dos meus temas de coração e provou que a idade não lhe toca, que a magia ainda é sua e daquela imensa voz, como ele próprio canta. Aguardo o dia em que uma promotora decente me permita desfrutar em pleno de um dos homens mais influentes para mim.
Caetanear assim é difícil...
Petra
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