13 agosto 2006

Rolling Stones - Os Últimos Heróis


Não se pode falar em surpresa quando se escreve sobre um concerto dos Rolling Stones. Eles são os últimos dos bravos heróis do rock n'roll grandioso, de estádios cheios, de digressões mundiais esgotadas, de espectáculos com tudo em grande.
Ok, há os U2. Mas os Stones trazem na bagagem uma história com mais de 40 anos!
É muito curioso constatar que o alinhamento deste concerto está centrado em canções que foram feitas nas décadas de 60 e 70. Abrem com Jumping Jack Flash de 1970, e It’s Only Rock’n’Roll de 1974.
As duas dezenas de canções apresentadas visitam a carreira dos Stones mas deixam de fora a década de 90, mais pobre da banda em termos criativos, passa duas vezes pelos 80's com o enorme Start Me Up, e Slipping Away. Os temas mais recentes são tirados de A Bigger Bang editado no passado, destaque para Streets of Love com Jagger quase a solo a brilhar na vocalização irrepreensível.
De resto este concerto dos Rolling Stones é um celebrar de vida, e de carreira, só ao alcance de uns veteranos completamente apaixonados pela arte de tocarem ao vivo. O respeito que mostram uns pelos outros em palco é bonito, o respeito, ainda maior, que mostram pela imensa plateia é impressionante!
Mesmo que fossemos para o Dragão com vontade de agoirar e desejar que fosse aquela a noite em que os avôs Stones sucumbissem e não mostrassem pedalada para 2 horas de rock n' roll, saíamos vergados ao poder de cativação da banda inglesa.
Continua a ser emocionante ver Jagger a correr feito louco, e a puxar por um público rendido desde o primeiro segundo, e olhar para essa lenda da guitarra chamada Keith Richards. Que classe exibem os dois fundadores da banda!
Fico mais uma vez rendido ao maior espectáculo do mundo rock.
Como se não bastassem as personagens e as clássicas canções, há também a vertente visual e técnica que um palco deslumbrante nos deixa sem palavras.
Desta vez o cenário eram dois blocos de varandas de cada lado em formato de curva que ladeavam um écran gigantesco que não deixava perder um único pormenor do que se passava em palco. Nas varandas duas filas de cada lado eram preenchidas por fãs extasiados por verem tudo bem por cima do palco. Um luxo.
Depois há os fantásticos jogos de luz, as explosões em Sympathy for the Devil, os fumos, a língua gigante, e a grande surpresa: na resta final do concerto um pedaço do palco levanta-se com os músicos a tocarem e move-se em direcção à bancada que até ali os viu sempre muito ao longe. Atravessa toda a plateia e vai fixar-se do outro lado do relvado deixando os fãs aí instalados em loucura total. Tocam uns 3 temas e voltam da mesma maneira para o palco principal. Fabuloso!
Os últimos minutos são arrasadores com uma sequência de hinos: She's So Cold, Honky Tonk Women, Sympathy For the Devil, Start Me Up, Brown Sugar, You Can’t Always Get What You Want, e (I Can’t Get No) Satisfaction.
Que não tenha sido a última visita dos Rolling Stones a Portugal.