06 abril 2008

Andersen Molière @ Teatro Mundial


Andersen Molière é um estranho nome para identificar um projecto de jovens músicos portugueses. Estranho mas inteligente, e que faz sentido depois de os vermos a actuar ao vivo. Uma agradável surpresa, uma promessa original, e uma sensação de termos descobertos um segredo valioso bem guardado, é o rescaldo que se pode fazer após a apresentação no sábado à noite dos Andersen Molière na sla 3 do Teatro Mundial em Lisboa.

O quinteto entra timidamente discreto, e ocupa o palco de maneira curiosa. Quando iluminados percebe-se o cuidado nos trajes que envergam. Impecavelmente vestidos com roupas de outras eras tomam os seus lugares cuidadosamente preparados. Os dois homens das violas, e vocalistas, sentam-se nas duas extremidades do palco virados para dentro. No meio há um sofá onde brilha a acordeonista que dá um encanto feminino ao grupo. Ao seu lado esquerdo senta-se no braço do sofá o baixista, o mais discreto, e do lado direito está o irrequieto, e excelente, violinista que é capaz de arrancar do palco para o meio da plateia, literalmente, embalado nos seus próprios acordes.
O quadro é este. Como se pode imaginar bem original.
Depois vem a música que consegue cativar e surpreender ao mesmo tempo. Há canções cantadas em português com letras que justificam a saudável exporação da filosofia bem humorada, e há instrumentais que chegam a atingir níveis verdadeiramente entusiasmantes capazes de empolgar toda uma sala. O destaque vai para as versões exploradas de Astor Piazzolla, ou de Enio Morricone, onde o acordeão solta o talento de todos os músicos. O que acontece na perfeição no tema original do grupo o "Bobo e Rei", quando parte a instrumental ganha asas.

Há aqui boas ideias, bons músicos, talento, e um conceito interessante e original com pernas para andar. É de manter os Andersen Molière debaixo de olho, e ver como evoluem. Para confirmar já no próximo mês no Santiago Alquimista.