Mark Knopfler a caminho dos 60 anos é um homem tranquilo, feliz, que vive a fazer, e tocar música pelo mundo fora convivendo com os seus fãs que entretanto continuam a encher os recintos por onde ele passa mas já não estão lá só pelo legado dos Dire Straits. Os admiradores de Knopfler conhecem os seus trabalhos a solo, e sabem que ver hoje um concerto dele é sentir os sons dos velhos ambientes entre a folk americana, e celta, é ter o privilégio de ver enormes músicos em palco que se movem entre o blues rock, a country, guiados pela guitarra de Knopfler.
Vale a pena escrever os nomes dos músicos que acompanham Mark; Guy Fletcher, teclas, Richard Bennett, guitarra, Glenn Worf no baixo, Danny Cummings na bateria, Matt Rollins no piano, e John McCusker nos sopros e violinos. Só por si são garantia de uma qualidade musical impressionante, e para os mais atentos reparam que há aqui três Dire Straits em palco, Knopfler, Fletcher, e Clark.
Concerto é longo, quase 3 horas, e centra-se em boa parte dos discos mais recentes de Knopfler. O alinhamento é coerente, mas deixa os fãs mais actuais algo decepcionados pela ausência de temas como "Punish The Monkey", ou "Let it All Go", os melhores de Kill to get Crimson de onde só são apresentados "True Love Will Never Fade", e "The Fish and the Bird". Depois há passagens por "Shangri la", com dois momentos altos em "Boom Like That", e " Postcards from Paraguay", por "The Ragpicker's Dream", com "Why Aye Man", "Hill Farmer's Blues", e "Marbletown", e o já habitual "Sailng to Philadelphia".
É uma aposta clara numa toada mais calma, e as canções reflectem esse estado de alma. As cerca de 7 mil pessoas que esgotaram o Campo Pequeno tiveram oportunidade de assistir a um concerto de grande qualidade, e Mark Knopfler sabe que a sua carreira tem como base os clássicos discos que assinou com os Dire Straits e mostra todo o seu respeito por quem paga para o ver em 2008 interpretando os incontornáveis "Romeo & Juliet", "Sultans of Swing", "Telegraph Road", "Brothers in Arms", e "So Far Away".
Todas em novas roupagens, menos densas, sempre contidas. A excepção vai para "Telegraph Road" que começa por se desenvolver timidamente, mas que vai subindo de forma sublime para uma recta final a fazer sonhar a plateia com as lendárias actuações dos Straits nos anos 80, tão bem documentadas no famoso "Alchemy".
Depois de Alvalade,e Faro em 1992, Cascais em 1996, e mais recentemente com duas passagens pelo Atlântico, Mark Knopfler voltou a encantar uma plateia cheia de fãs que ainda hoje o admiram e aprovam a orientação da sua carreira mais virada para as raízes da cultura musica americana. Esperemo que um dia Mark se lembre de trazer consigo Emmylou Harris.
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