Faz amanha precisamente 3 anos que Mark Knopfler actuou pela última vez em Portugal. Foi no Pavilhão Atlântico e hoje recupero a crónica escrita na altura:
Como saber o que representa hoje em dia a música para Mark Knopfler? A resposta é simples e encontra-se a meio da primeira parte do seu concerto. Se chegássemos à sala do Atlântico por alturas da sexta música da noite teríamos a perfeita noção do que é que Knopfler ainda a fazer no mundo da música.
É a altura em que Mark e a sua banda (de excelentes músicos) sentam à boca do palco e tocam como se estivessem algures entre um pub irlandês e um clube americano de blues/folk. O prazer com que apresentam as canções «Done with Bonaparte», «Song for Sonny Liston», «Donegan`s Gone», «Rudiger», «Boom», «Like That» e «Speedway at Nazareth», é contagiante e mostra que faz todo o sentido ir ver um concerto de Knopfler pela quinta vez em Portugal.
Esta fase da actuação só pode satisfazer por completo quem optou por continuar a seguir os trabalhos do ex-líder dos Dire Straits.
Fica a ideia que se a opção da banda fosse tocar só os temas dos trabalhos a solo, então enchia-se a Aula Magna com os tais fãs actualizados e tínhamos uma grande noite de ambiente blues, jazz, country e pop. É esta a onda que o homem que já usou fita na cabeça, vive agora.
Mas Mark Knopfler sabe que o que fez com os Dire Straits arrebatou milhões de fãs pelo mundo fora e resolveu não renegar esse passado, mantendo o casamento entre os velhos clássicos com arranjos mais retocados e acaba por dar o melhor dos dois mundos, dos Straits e o actual, a um público que ainda hoje consegue dar uma moldura humana digna à grande sala do Atlântico.
Na primeira parte do concerto, desfilam «Walk of Life», «Romeo & Juliet» e «Sultans Of Swing», como que a agradecer aos milhares de trintões a sua presença. Destaque para os arranjos de acordeão a meio de «Walk of Life», e a mestria com que continua a ser tocado »Sultans of Swing».
Depois pelo meio vem a tal parte que revisita os quatro discos a solo, para depois partirmos para uma parte final nostálgica e que vai de encontro às expectativas de todos.
A 13ª música do serão marca o início da recta final, são os acordes inconfundíveis de «Telegraph Road». Uma versão arrebatadora, que só por si justificou o dinheiro gasto por qualquer fã dos Straits. Foi o momento da noite, a partir daí viveu-se em clima de festa e de celebração os obrigatórios «Brothers in Arms», «Money for Nothing» e« So Far Away».
Como sempre, a despedida foi ao som do instrumental «The Mist Covered Mountains/Wild Theme» da banda sonora de «Local Hero».
Foi bom rever o velho amigo Knopfler, e ele certamente pensará o mesmo da plateia lisboeta.
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