A noite de sábado estava reservada para o regresso do fado ao grande auditório do CCB. Mais propriamente para o regresso de Mafalda Arnauth que apresentou o seu mais recente disco, «Flor de Fado», ao público lisboeta que não compareceu em número suficiente para encher a sala de Belém.
Este «Flor de Fado» é um disco especial que representa a súmula dos espectáculos que a fadista andou a apresentar pelo nosso país, e que levou até ao estrangeiro. Serve como que um balanço na sua carreira que já completou uma década de existência. Mafalda Arnauth foi das primeiras vozes jovens a pegar na pesada herança do fado para lhe dar um cunho pessoal e seguir caminhos paralelos que extravasam as fronteiras rigorosas que regem esta música de raíz tão portuguesa.
Foi sem surpresa que no CCB se viu uma Mafalda impecável na interpretação dos fados mais clássicos, e à vontade quando as guitarras foram substituídas pelo piano. Não esteve tão feliz nos diálogos com a plateia baralhando-se quando quis comparar os seus músicos a uma tripulação de caravela. Talvez pela falta de inspiração na comunicação o público também nunca respondeu de forma arrebatadora deixando sempre um ambiente morno no ar.
Mafalda Arnauth percorreu «Flor de Fado» ao longo dos seus 10 inéditos e das 3 versões «Tinta Verde» (Vitorino), «Flor de Verde Pinho» (Manuel Alegre, José Niza) e «Povo Que Lavas No Rio» (Pedro Homem de Mello), este último fado cantado de forma arrebatadora.
A fadista já ganhou o seu merecido espaço na galeria da renovação de fadistas, e mostrou que podemos contar com ela para o futuro do fado, e derivados que ela tanto gosta de visitar.
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