Inesperada noite de loucura na Aula Magna que recebeu muito mais do que uma onda saudosista para celebrar os Stranglers. Foi uma noite de rock clássico numa viagem pela maior parte dos sucessos dos britânicos dos últimos 30 anos durante uma hora e meia que a plateia, composta de trintões e quarentões, recebeu em euforia.
Foi este o primeiro grande concerto de 2009. À chegada à sala o elevado número de espectadores pronunciava uma noite quente a contrastar com a chuva e os 7 graus que se sentiam na rua. Um rápido olhar pelas cadeiras denunciava a presença em força da classe de 70. No palco o nome da banda em grandes letras a fazer o habitual cenário que se conhece dos concertos dos Stranglers.
A entrada do carismático Jean-Jacques Burnel, acompanhado por Baz Warne, na banda desde 2000, e o teclista Dave Greenfield, nas teclas do grupo desde 1975, foi grandiosa. Rápidos e directos ao rock, todos vestidos de negro, e com a postura certa para empolgar logo os seus fãs.
Demorou pouco tempo a acontecer história na Aula Magna. Baz, e Burnel, não estavam a perceber porque é que o povo não se mexia das cadeiras, e com o estilo só ao alcance das grandes figuras do rock deram ordens para que os fãs descessem para o espaço em frente ao palco invadindo o espaço conhecido como doutorais quebrando assim a natural diferença de preços que separa os lugares! O pedido foi tão convincente que em segundos os seguranças não tiveram mãos a medir a tentar bloquear a passagem. Em vão, porque a classe de 70 quando toca a recordar os bons velhos tempos não perdoa e assim se viu uma verdadeira invasão em peso transformando aquele espaço habitualmente arrumadinho por poltronas numa autentica pista de dança que podia ser do saudoso «La Folie».
A imagem com que ficámos foi tão forte que aconselho os leitores a pesquisar por fotos, e vídeos do concerto. A partir daqui foi história. Um concerto cheio de energia, clássicos que se sucediam a uma velocidade alucinante, uma banda que assume o seu papel na história do rock e que o desempenha com invejável, e admirável, prazer.
Um concerto em formato best of e uma química com um público rendido, participativo, e empolgado que tornou esta passagem dos Stranglers por Lisboa numa noite para recordar sempre. Tal como os discos que carinhosamente guardamos nas nossas colecções há muitos anos.
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