08 dezembro 2009

Prodigy no Pavilhão Atlântico: Poderosos Prodígios


(Foto: Vanessa Krithinas /cotonete)

Hoje em dia a oferta musical é tão grande, a facilidade no acesso a nova música é tão exagerada, que andamos sempre atrás do novo som que nos vai surpreender e mudar a vida. Uma batida, um acorde, uma banda, a procura nunca acaba. E às vezes tudo o que precisamos para termos um concerto que nos satisfaça na plenitude já está encontrado há muitos anos. Por isso é que o concerto dos Prodigy no Atlântico foi de arromba.

É uma falsa surpresa o facto de o nosso corpo, um minuto depois da entrada dos Prodigy em palco, já esteja a vibrar. Braços no ar, cabeça a abanar, as pernas em movimento s, e a alma a reconhecer toda aquela violência de batidas fortes que saem das colunas. Mais de sete mil pessoas preferiram a liberdade da plateia em pé aos lugares sentados da bancada, por isso a sala apresentava um cenário curioso; plateia esgotada com o palco quase no fundo do Pavilhão e bancadas desertas com excepção para algumas centrais e o topo do balcão 1.

O povo queria dançar, pular, e extravasar, e por isso o espectáculo também passou pela coreografia impressionante de uma enorme mole em agitação continua e furiosa que teve o seu ponto alto em «Smack My Bitch Up», último tema antes do encore, quando Maxim ordenou que todos se baixassem para que quando ele gritasse o nome da canção todos se levantassem ao mesmo tempo criando uma imagem só comparada com os festejos na Luz a um chapéu do Saviola.

Os Prodigy não facilitam e decidiram viver a sua música, e brindar os seus fãs com alinhamentos em formato best of onde encaixam na perfeição as melhores músicas do novo disco. Assim não há descanso para ninguém durante a hora e meia que dura a sessão de saltos, danças, e berraria para acompanhar os refrões de «Firestarter», «Poison», «Voodoo People», «Diesel Power» ou «Out of Space» abençoada por Max Romeo. Tudo clássicos que nunca mais nos largaram desde a década de 90. Vivem connosco mesmo que não nos lembremos deles. Assim que se ouvem as primeiras batidas ressuscitam das entranhas das nossas memórias e incendeiam-nos o corpo em forma de dança selvagem.

É música de dança? Não. É música da boa, daquela que resiste à passagem dos anos e que quando volta a soar continua a provocar a mesma euforia colectiva.

Liam mantém o seu ar provocador, a sua pose desafiante, e a sua dança alucinada que contagia os fãs, Maxim está cada vez mais com pose de líder, mostra quem manda, e comanda toda aquela energia de som e luz que revira o Pavilhão de pernas para o ar.

Excelente prova de vida dos Prodigy, enorme recepção do público lisboeta, num concerto que nos serviu para recordar como são poderosos estes senhores ao vivo.

Na abertura da noite nota positiva para os Enter Shikari que convenceram a sua já numerosa galeria de fãs, e também quem não os conhecia.