A distante, e venerada, Louise Rhodes dos tempos áureos dos Lamb deu lugar a uma humilde, e simples Lou Rhodes. Longe vão os tempos em que a sua voz planava por entre os arranjos electrónicos complexos que lhe valeram exposição mundial, e aclamação global. Agora é só Lou e as suas guitarras acústicas a apresentar os seus dois discos de originais numa postura de quem está recomeçar a sua vida. O ponto em comum entre estes dois mundos está nos fãs que não esquecem a vocalista e esgotaram a sala do Santiago Alquimista para a receber.
A imagem não podia ser mais esclarecedora, Lou Rhodes sozinha sentada na frente do palco, vestindo uma t-shirt, uns simples jeans e ténis, dedilhando a sua guitarra acústica e apresentando as suas canções. À sua frente está uma plateia de admiradores que não fizeram cerimónia e sentaram-se pelo chão da sala para a ouvir e contemplar. No piso de cima Lou estava rodeada de público por todos os lados. O ambiente agradou à cantora de Manchester que partiu para uma actuação segura.
Ironicamente as dificuldades de Lou estão na relação com a electrónica que lhe havia de pregar algumas partidas. Emblemático o momento em Lou oferece uma versão apenas vocal do grande êxito dos Lamb "Gabriel" e se atrapalha com as gravações de vozes que ia fazendo construindo coros progressivos. Interrompeu a meio, desculpou-se por ser o concerto de estreia desta digressão, e foi incentivada a repetir. Repetiu e correu bem. Foi como que um sinal a dizer que o passado foi lá atrás, o que conta agora é simplicidade das suas canções a povoarem o imaginário Folk inglês.
E é aí que a voz de Lou se projecta da mesma forma bela, melódica, que se nos habituámos a decifrar. Uma voz que nos embala acompanhada dos sons acústicos das suas guitarras. Abriu a noite com «The Rain», tema do novo disco «Bloom», e foi desfilando os temas deste disco não se esquecendo de revisitar o anterior «Beloved One». Destaque para uma versão de «Tin Angel», de Joni Mitchell, e para o à vontade com que pediu aos seus fãs que a acompanhassem fazendo ritmo de bateria batendo os pés para o tema «Tremble», do seu disco de estreia.
Lou esteve pouco mais de uma hora em palco, já contando com um encore de duas músicas, e parece recomposta dos desgostos pessoais que marcaram os últimos tempos da vida intíma, como a perda de uma irmã e o fim de um relação amorosa. Arrancou bem a sua pequena digressão europeia, que hoje passa pelo Porto, e que acabará nos Açores.
Na primeira parte esteve o islandês Oddur, companheiro de aventura nos Lamb, que apresentou a suas canções também em formato acústico e que teve a aceitação da plateia.
in Disco Digital
Vídeo de Gabrielle no Radiações
-