Vale a pena conferir a apresentação feita pela ZdB:
Apóstolos do analógico, missionários da força transcendental do rock, os japoneses Boris desenham à força de impetuosos projécteis sonoros um colossal arco de ruído maravilhado, absorto na experiência psicadélica. A estreia do trio em Lisboa - que na verdade será um quarteto, dada a presença em palco do über-notável Michio Kuriahara (Ghost, White Heaven, The Stars) - coloca, por uma noite, Alcântara como destino de todas as viagens.
Formados em 1992 por Atsuo, Wata, Takeshi e Nagata (que deixou a banda em 1996, reduzindo-os a um enorme power trio), os Boris escapam à catalogação preguiçosa, explorando géneros tão aparentemente díspares como o drone metal (as afinidades com os norte-americanos Sunn O))) e Earth são evidentes), o stoner rock psicadélico (pensem nos californianos Quicksilver Messenger Service e em todas as outras jam bands alucinógenas dos anos 60) ou o noise (Merzbow é uma referência inevitável, embora aqui o estrondo seja mais orgânico e visceral, mais próximo da verve de Keiji Haino, com quem já colaboraram em algumas ocasiões). A discografia nunca mais acaba (dezassete álbuns, mais uma imensidão de EP's e singles), mas registos como "Pink" (disco do ano em 2006?), o duplo "Altar" (também de 2006, em colaboração iluminada com os Sunn O))) de Stephen O'Malley) e "Smile" (o novo álbum, embebido na memória do glam rock japonês dos anos 70) reerguem a revolta para bem alto e justificam uma referência especial.
Ao vivo, a investida Boris assalta os tímpanos com uma muralha de som simultaneamente avassaladora e irresistível, diferente de todas as outras. Nada no mundo conhecido soa como a algo sequer parecido. Hoje estreiam-se em Lisboa e não duvidem, a cidade vai ser deles. Vocês vão fazer o quê, ficar em casa?
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