Casa cheia no espaço que já começa a ter aura de receber as maiores referências vivas das raízes do reggae. Por aí ali já passaram Junior Murvin, U-Roy, Max Romeo todos figuras dos famosos cartazes dos eventos Winter Jam que levaram o melhor da Jamaica a Carcavelos. Ontem à noite tivemos a prova que o público afecto aos aromas musicais jamaicanos está crescido e aberto a projectos derivados do reggae com é o caso dos neozelandeses Fat Freddys Drop.
O disco «Based On A True Story» foi uma das mais saudadas aparições nos últimos tempos, tanto por crítica como público, e por isso não foi de estranhar a grande adesão que teve este regresso da banda a Portugal. Tocaram perto de duas horas desfilando a sua classe através da forte secção de sopros e do charme do vocalista Joe Dukie.
Não é uma noite de grande agitação como sempre acontece com o reggae mais clássico, é antes uma viagem instrumental e ambiental com passagens pelo dub mais escorregadio, o jazz menos improvisado, sempre guiada por um baixo que dá as coordenadas e os andamentos que a banda pretende. O universo Fat Freddys Drop é feito de canções longas, corridas com altos e baixos, que podem começar suaves acelerando a meio as batidas empolgando a plateia, para terminar em grande estilo com calma.
A isto os corpos respondem com balanços de ancas, e batidas de pés que denunciam a hipnose colectiva naquela música tão absorvente. Poucas são as vezes que o ritmo aumenta e se levantam as mãos do ar em coros plurais. Aqui vence a batida repetida e hipnótica que nos deixa a levitar a alma. É o reggae sofisticado vindo do sul do Pacífico.
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