Os OqueStrada montaram a sua tasca no respeitável Teatro Tivoli e fizeram da apresentação do seu disco uma festa como só eles sabem fazer. A sala cheia ajudou, e aplaudiu.
Tomo a liberdade de assinar esta crónica na primeira pessoa do singular porque ajuda o leitor a perceber que este é um texto especial. Ver uma banda como os OqueStrada chegar à noite em que apresenta o seu primeiro disco é motivo de satisfação porque já acompanho o percurso deles há uns anos. Ao contrário do que possa parecer a quem só agora os está a descobrir, esta rapaziada já anda nesta vida há sete anos e já correu o mundo a apresentar o seu espectáculo. Pelo meio até editaram um EP com 4 temas ainda hoje aproveitados. Já os vi na pequena sala da Galeria Zé dos Bois, na sua Tasca Móvel em vários locais, e por isso posso dizer que hoje ao chegarem a uma noite tão especial como esta foram exactamente iguais ao que sempre foram.
Um concerto dos OqueStrada é muito mais do que um grupo de músicos a acompanharem a vocalista Miranda. É um conceito de fado dos subúrbios apresentado sempre em tom de brincadeira, e com surpresas que podem ir de fadistas novos, e veteranos, a pequenos instrumentais, a números de dança, ou mímica. Tudo vale. É a tasca deles, à maneira deles. Quem fala é Miranda que continua lidar com esta exposição como uma alternativa mais barata a «ir à consulta». E nós acreditamos. Tudo é normal, os discursos perdidos, os enganos que obrigam a repetir a canção, fazem parte de uma representação cómica que já não se vê desde os tempos áureos dos Ena Pá 2000. Aliás, a vocalista Miranda é o equivalente a Manuel João Vieira no feminino, herdando o seu espírito bem humorado e irreverente mas sem usar o calão.
Musicalmente os OqueStrada não têm muito para dar. Há ali uma mao cheia de boas canções, como é o caso óbvio de «Se esta Rua Fosse», mas eles não existem para fornecerem as playlists. Não se levam a sério, nem querem, e o objectivo é mesmo agir e divertir do palco para a plateia. E ainda bem. Nunca serão um caso sério de vendas, nem chegarão aos Globos de Ouro, mas continuarão a ter seguidores por essas estradas fora de gente pronta a cantar com eles rimas descomplexadas parecidas com «tá-se bem no lado do cu do Cristo Rei».
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