Valeu muito a pena passar o passeio até à zona de Belém para ver e ouvir o espectáculo proposto pela CML e que juntou duas grandes figuras do fado lisboeta, Carlos do Carmo e Camané.
Em ambiente de consagração, os fadistas foram acompanhados por uma orquestra, além das indispensáveis guitarras portuguesas.
Muito curioso verificar que entre os milhares que encheram o relvado em frente à Torre de Belém, muitos eram jovens e ouviam com silêncio respeitoso, e elogiado por Carlos do Carmo. Aliás, foi ele a figura da noite, a sua voz continua num timbre perfeito, a sua boa disposição foi uma constante, lançando tiradas como: "não podemos ficar aqui a noite toda, o Camané ainda é jovem, agora não queiram matar aqui o velhinho".
Carlos do Carmo é o charme em pessoa, a maneira como trata Eunice Muñoz, outra convidada, o respeito com que cumprimenta os músicos, a admiração com que apresenta os técnicos de som e luz, até a maneira como mata a sede em palco, servindo a água engarrafada num copo. E depois quando anuncia a estreia de um fado, e canta "Canôa, tu sabes bem...".
Camané será o responsável, talvez, pela presença de tanta juventude. Ele que se mostra aberto aos sons além fado, como se viu em Humanos, mas que sabe interpretar na perfeição o seu papel de fadista da nova geração.
O resto é a maravilha dos sons da guitarra portuguesa a acompanharem esses versos envolventes do fado português, tudo ganha uma bonita dimensão quando temos o Tejo de um lado, e as 7 colinas do outro.
O melhor momento da noite foi ver como o piano de Bernardo Sassetti pode acompanhar lindamente um fado cantado por Carlos do Carmos.
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