27 setembro 2006

Liars e deerhunter @Club Lua

A música faz bem ao corpo e à mente, ou a ironia de em poucas horas na mesma cidade dois espectáculos resultarem em emoções totalmente opostos. Qualquer uma destas teorias poderia servir de introdução a um pequeno texto descritivo do que foi a passagem dos Liars pelo Club Lua.
Mas é mas elementar justiça que se comece pelo óbvio, os Liars voltaram a dar um soberbo concerto em Lisboa. (ao que parece no Porto também foi bom)
Mesmo para o mais mal disposto sujeito presente naquela sala, consequência de uma ida à Luz ve o tal outro espectáculo noutro lado da cidade, é impossível não embarcar na loucura que os Liars disfarçam na sua música.
É tudo tão simples, tão crú, e ao mesmo tempo tão absorvente. As batidas tribais de Julian Gross, as diabruras de Aaron Hemphill entre sintetizador, gitarra e microfone, e a teatralidade, entrega, e olhares enfeitiçados de Angus Andrew, um vocalista realmente, e literalmente possuído.
O som sai hipnótico, cadente, cheio, e por vezes brutal. Sonoridades que vão ao encontro da voz, e dos gritos alucinados de Angus. Ou será o contrário?
Tudo muito bom, tudo muito rápido, o tempo vôa e chegamos a uma recta final de concerto totalmente arrasadora, a que nem faltou ver Angus Andrew com vestido de senhora. Encarnado. Ora bola, a cor é que podia ter sido outra, esta faz logo lembrar o equipamento daquela equipa treinada por uma espécie de homem enfeitiçado, capaz de espalhar o mal pela imensa legião de seguidores da águia. Como eu. Saí da Luz envolvido no bruxedo vindo do banco de suplentes, atirado pelo homem da gravata, mas no Club Lua encontrei o trio curandeiro que espante todos os males. Com música. E espantam bem.
Um grande concerto que acabou com uma excelente versão dos Nirvana.

A primeira parte não foi uma mera formalidade. O Luís Bento já tinha avisado no Triângulo Escaleno do último domingo que os Deerhunter iriam ser uma boa surpresa.
E foram. Um vocalista feito quase só de pele e osso agarra o concerto como se fosse a última coisa que iria fazer na vida. Canta, grita, e dá sentido a todo o rock que os Deerhunter apresentam. Convincente, e bom!