18 outubro 2007

Kurt Wagner no Santiago Alquimista em Lisboa: Do Génio à Monotonia

Kurt Wagner regressou a Lisboa desta vez sozinho sem os restantes elementos dos Lambchop e encontrou uma sala bem composta de admiradores sentados e prontos para receber novas músicas, e clássicos despidos só apoiados na voz e guitarra. O que parecia ser uma boa ideia acabou por se arrastar para a monotonia de um concerto demasiado longo, e experimental.


Na véspera da visita a Lisboa, Kurt Wagner dizia ao Disco Digital: «Desta vez, sou só eu e a guitarra mas não me quero desligar dos Lambchop e aliás essas são as canções que vou interpretar. Acima de tudo, clássicos da banda. Espero que haja interacção com o público até porque a distância é menor. Quem sabe se não vou convidar alguém para me acompanhar em palco». Isto motivou os mais fiéis seguidores dos Lambchop que terão ficado algo desiludidos com o facto de terem ouvido poucos clássicos, muitos temas desconhecidos, e uma interacção fraca com o público.

Este foi o primeiro concerto neste formato a solo que Kurt deu na Europa, e ficou a ideia que serviu um pouco de experiência. Desfilou muitas canções novas, e não foi intercalando com temas esperados pela plateia que chegou a pedir as melhores músicas dos discos «Is a Woman», ou «Nixon», por exemplo.

O problema esteve na duração excessiva do concerto com um alinhamento mal pensado. Quase duas horas naquele registo torna-se cansativo para quem assiste, juntando o facto de estarmos a meio da semana de trabalho e Kurt só ter começado a tocar perto das 23h15. Acabou por ser a monotonia a vencer alguns momentos brilhantes que Kurt consegue arrancar.

Aliás, o vocalista dos Lambchop esteve impecável na comunicação, simpatia, e competência, acabando a noite a dar autógrafos na porta de saída do Santiago Alquimista.

Mas o que se pedia para uma noite destas era uma escolha mais selectiva dos temas a tocar, uma duração menos extensa, e mais intensidade. Assim tivemos o privilégio de assistir ao que será um ensaio de Kurt metido na solidão do seu quarto algures no outro lado do Atlântico enquanto fuma uns cigarros, e pendura as letras de cada canção que acaba de tocar num estendal improvisado à sua frente.

Privilégio interessante mas algo maçador.

Que regresse depressa com os Lambchop.

in Disco Digiral