11 novembro 2007

Da Weasel no Pavilhão Atlântico - Com Um Brilhozinho nos Olhos

Noite de consagração para os Da Weasel e a sua legião de fãs que fizeram do concerto no Pavilhão Atlântico uma grande festa com mais de duas horas e meia. Deu para revisitar uma carreira com quase 15 anos, receber ilustres convidados, ver a doninha emocionada, e gravar tudo com som e luz, da melhor produção, para recordar mais tarde em DVD.

Ficará na memória de todos a altura em que Pacman confessa que viu o «mano» Virgul escapar umas lágrimas de emoção antes de pisarem o grandioso palco do Atlântico. Nessa momento foi possível ver o brilhozinho nos olhos do Virgul reproduzidos pelos dois enormes ecrans que ladeavam o palco. A emoção estendeu-se a todos os elementos da banda. Impossível não reparar no sorriso de satisfação com que Pacman cantou ao longo da noite, e a expressão de alegria contagiante no rosto de Jay Jay.

Não era caso para menos, aquela era a noite maior dos Da Weasel que fizeram questão de reproduzir nas telas gigantes as inúmeras vezes que foram destacados nos noticiários lusos ao longo dos últimos anos em jeito de introdução antes de abrirem com o apropriado «Adivinha Quem Voltou». Voltaram os Da Weasel a uma sala em que há sete anos já tinham tido a imensa felicidade pessoal de abrirem o concerto da primeira, e memorável, passagem dos Red Hot Chili Peppers por cá. E voltaram com naturalidade, e com o merecido reconhecimento de quem anda na música portuguesa a construir «hinos» para várias gerações de «putos» desde 1993.

É o maior valor dos Da Weasel, o seu talento renovado a cada disco que contribui sempre com dois, ou três temas, apontados à memória colectiva de canções «tugas». Só isto explica o facto de termos no Pavilhão Atlântico num sábado à noite uma assistência que não era dos 8 ou 80, mas seria certamente dos 5 ao 50! As crianças arrastaram os pais (e o contrário também), empolgadas pelos «Dialectos de Ternura», do recente «Amor, Escárnio e Maldizer» a caminho da dupla platina. Os pais, por seu lado, gostaram de recordar as canções mais emblemáticas de «Dou-lhe Com A Alma», «3º Capítulo», «Iniciação A Uma Vida Banal - O Manual», «Podes Fugir Mas Não Te Podes Esconder», e todos retiveram os temas fortes de «Re-Definições».

Um alinhamento para os fãs festejarem, até porque foram chamados a participar na sua elaboração através de votos pela internet, com direito à presença de Manuel Cruz, Bernardo Sassetti, e a orquestra de Rui Massena que em quatro temas chegou a criar momentos de beleza sonora, em particular no confronto com o piano. Um espectáculo bem pensado, alinhamento dividido em três partes de maneira a revisitar as diferentes tendências musicais do grupo desde a fase mais pesada, às canções de embalar, tudo apoiado num imponente jogo de luzes, e até explosões em palco, ao nível do melhor que se vê em produções de grandes nomes internacionais.

O único senão terá sido o número de fãs que ficou longe de encher o Pavilhão como seria desejo da banda. Não mais de 8 mil responderam ao apelo, mas é preciso lembrar que ainda há pouco mais de dois anos os Da Weasel esgotaram os coliseus com direito a disco ao vivo. Desta vez haverá um DVD resultante deste espectáculo, e que terá por certo o momento em que os Gato Fedorento se juntam às doninhas para representar o número do Niggaz. Encontro de dois colectivos em palco que por estes dias serão um dos maiores orgulhos das gerações mais novos do nosso país. Ambos justamente reconhecidos, e acarinhados por público e crítica.