O que fazem centenas de pessoas a dançar alegremente o «Rivers of Babylon» numa discoteca à beira Tejo plantada para lá da 1 da manhã a poucas horas de se iniciar mais uma semana trabalho? Estão a celebrar a música ao vivo das maiores lendas do Ska, os Skatalites. Pode parecer estranho mas a vida é feita de imprevistos, e acontecimentos improváveis. Haja força de vontade para a saber viver, e para isso uma banda sonora como a dos jamaicanos é uma enorme ajuda.
A festa estava marcada para as 22 horas, mas só depois da meia noite tivemos Skatalites em palco. A julgar por algumas camisolas entre o público alusivas à equipa de futebol que teve a noite mais feliz dos últimos tempos, havia muita gente preparada para dar continuação à noite desportiva agora a dançar do melhor ska. A preocupação com o atraso do concerto que estava a roubar horas de sono em véspera de dia primeiro dia de trabalho da semana, deu lugar à boa disposição e ao contagiante movimento que o corpo pede para responder às boas vibrações que os ouvidos registam.
Esta é a terceira vez que o autor desta crónica tem oportunidade de ver os Skatalites ao vivo, depois da memorável passagem por Sines, e do concerto em Oeiras, e é a terceira vez que se rende à força do mito jamaicano. É impossível resistir a esta música, e à alegria que os elementos mais antigos da banda ainda transmitem em palco. É olhar para Lloyd Knibb, o baterista, e ficar deslumbrado ao lembrar que o homem anda nisto desde 1964, altura da formação original, e continua com o mesmo sorriso.
Alguns destes homens andam na estrada há mais de 40 anos e por isso a casa deles é o palco. Isto explica o facto de não terem nenhum alinhamento escrito perto deles. Simplesmente fazem desfilar os clássicos da banda, e da história do ska, de maneira natural. Começam por uma fase só instrumental com destaque para «Freedom Sounds», «Latin Goes Ska», «James Bond Theme» e «El PussY Cat». Depois há uma parte em que contam com a presença de Doreen Saffer para cantar «Sugar Sugar» e «When I fall in love», entre outras. Sendo que a ponta final do concerto é absolutamente arrebatora com passagem por mais grandes clássicos que deixam a plateia aos saltos e a fazer coro certinho para gáudio de Lester «Ska» Sterling, o mais gordinho, e Karl «Cannonball» Bryan, o homem da barba branca, os dois elementos mais velhos na boca de palco.
Os Skatalites não param, a sua missão é espalhar as boas ondas do ska pelo mundo reproduzindo os hinos da Jamaica um pouco por todos os países que visitam. Até têm um disco novo editado este ano e embora toquem alguns temas de «On The Right Track», dão toda a a tenção aos seus temas mais conhecidos tornando o concerto numa enorme festa ao longo de duas horas!
Uma palavra para o pessoal que vive no Porto; não percam o concerto dos Skatalites hoje no Sá da Bandeira. É numa segunda feira, mas depois vão ficar com energia renovada para o resto da semana.
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