A edição 2007 do Festival Cosmopolis ocupou o espaço do Cinema São Jorge bem no coração de Lisboa. Um nome atraía atenções particulares chamando muitos fãs curiosos em ver uma banda velha conhecida de concertos por cá em registo acústico. E quem foi arrastado ao Cosmopolis pelos Young Gods não se arrependeu, e ainda viu um concerto interessanto dos portugueses Coldfinger, ignorando no fim da noite a presença dos britânicos Grand National. Valeu pelo concerto dos suíços.
Os Coldfinger abriram a noite quando passava meia hora das dez da noite e aproveitaram o facto da sala estar bem composta de público que tinha curiosidade em saber como funcionava o grupo em palco. A bela presença física, e vocal, de Margarida Pinto é um trunfo dos Coldfinger para segurarem logo a atenção da plateia. As canções de «Supafacial», o mais recente e bem conseguido disco da banda, perdem força em palco apesar de não chegarem a desiludir, muito por força da performance de Margarida Pinto. Apesar de tudo, foi uma abertura simpática de noite.
Exactamente ao contrário funcionou o concerto dos ingleses Grand National. Percebe-se que pela sua música mais dançante a organização os tenha colocado a fechar a noite, mas a opção revelou-se desastrosa porque após o registo mais intimista dos Young Gods o público debandou em força do São Jorge. Foi injusto para os Grand National que até apresentaram aurgumentos convincentes dentro do contexto pop rock ao melhor estilo da cena Madchester. Temas como «By The Time I Get Home», ou «Cut By The Brakes» anunciam que vale bem a pena escutar o recente disco «A Drink and a a Quick Decision». A banda merecia mais do que a dezena de pessoas que ficou até para lá das duas da manhã a ver o vocalista beber vinho tinto entre cada tema num concerto que se arrastou até ao limite do suportável. Talvez num próximo festival conheçam melhores momentos por cá.
No meio fica a virtude e cá está o concerto dos Young Gods para o provar. É Franz Treichler quem comanda a aventura começando logo por introduzir o conceito acústico da noite, e apresentar os seus dois velhos companheiros, Al Comet na guitarra, e o sempre impecavelmente despenteado Trontin na percussão, e ainda um reforço na guitarra, fazendo assim um alinhamento inédito dos Young Gods. O que se perde em força, e peso sonoro, nas canções clássicas ganha-se um melodia, e força vocal ganhando um claro destaque o aspecto lírico de cada uma.
Foram revisitados temas dos vários discos da cerreira, deixando para segundo plano a apresentação do novo «Super Ready/Fragmenté». As escolhas do alinhamento foram cirúrgicas e por isso quase toda a nova roupagem dada às canções resultou muito bem. Despir «Speak Low», na sombra de Eno, «Our House», «I'm The Drug», tema de abertura do novo álbum, «Charlotte», ou «Longe Route» é um exercício de reinvenção para a banda, e de regozijo para os fãs. Os pontos altos foram a interpretação de «Gasoline Man» em registo blues, em que nem uma harmónica faltou, e «Skinflowers» que nem mesmo neste formato deixa de ser uma canção cheia de força.
A despedida foi ao som de «Stay With Us». Hoje podem ver, ou rever, os Young Gods neste formato no Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre. Quanto ao Festival Cosmopolis continua esta noite no Muscibox com Pravda, e Slimmy.
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