Os sons da cultura Sami apresentados, e guiados, pela voz de Mari Boine em hora e meia de pura beleza, e perfeita harmonia entre músicos e uma das vocalistas nórdicas mais interessantes da actualidade. Um concerto fantástico que encantou todos os que compareceram na sala da Culturgest.
O facto de sabermos que Mari Boine é uma figura altamente respeitada por ser a voz de um povo que já anda nesta vida há muitos anos, e o contacto com os vários discos nos mostrarem um registo tão concentrado como encantador, faria perspectivar uma presença mais discreta em palco. Mas na verdade Mari Boine apresenta-se com uma alegria contagiante, um sorriso que não deixa dúvidas, e tanto cruza os braços de olhos fechados para nos presentear com os seus agudos delicados a misturar entre os restantes instrumentos, como larga o microfone para dançar levemente pelo palco fora, ou até dar uma ajuda ao baterista Gunnar A.
Em inglês se foi explicando, e com a ajuda de uma cábula fez questão de traduzir títulos de canções como foi o caso da excelente «Eagle Brother».
A química com a plateia foi crescendo, e atingiu o auge quando Mari desafiou a sentada plateia para dançar. O público não chegou a levantar-se mas no fim prestou-lhe calorosa ovação.
Este é um dos casos em que a música vale por si só, as letras não são perceptíveis por nós, mas a harmonia entre a vocalização e os instrumentais é absoluta. Sabemos que essa harmonia representa a cultura do povo Sami que hoje se espalha por quatro países nórdicos, Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia, e que Boine é a porta voz do canto yoik da Lapónia. É uma experiência enriquecedora, não muito diferente do que acontece quando vemos os Sigur Rós ao vivo, e que nos faz querer conhecer o novo disco «Idjagiedas».
Noite memoravel na sala da Culturgest, que não encheu, em que Mari Boine brilhou e nos encantou com a sua voz, e simpatia, muito bem acompanhada por excelentes músicos.
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