09 agosto 2008

Festival Sudoeste 2º Dia: My Chemical Brothers

A morte lenta na segunda noite do Sudoeste só foi interrompida no final do concerto de Goldfrapp. Depois, vieram os Chemical Brothers e o vento mudou...

Definitivamente, a melancolia não se dá bem com festivais. Que o digam os eternos em palcos portugueses Tindersticks, descontextualizados perante um público com fome de farra e pão com chouriço. O efeito da banda de Stuart Staples foi em tudo semelhante ao dos The National, no último Optimus Alive! 08. LSD precisa-se...

Mas vamos ao que interessa. De regresso às comparações, o espectáculo (sim, é mais do que um mero concerto) dos Chemical Brothers produziu os mesmos resultados dos Daft Punk há dois anos. Luz, cor e som em perfeita sintonia. Um alinhamento perfeito. Uma verdadeira discoteca a céu aberto. E o Boom só começa segunda-feira.

Antes, Goldfrapp deu um cheirinho (não literal) do que podia ter sido um regresso auspicioso. E só não o foi porque o arranque sonolento conseguiu afastar pelo menos vinte por cento daqueles que tinham cometido o obséquio de abandonar a tenda para justificar o preço do bilhete do Sudoeste.

Sejamos sinceros, a música é cada vez menos um factor aliciante. Basta percorrer o parque de campismo a qualquer hora do dia para se perceber que esta é a zona onde tudo que se passa. As bandas são apenas um apêndice de toda uma envolvência que tem a praia e a Zambujeira do Mar como cenário principal.

Se Yael Naim deu, provavelmente, o concerto mais fraco da noite, Rita Redshoes pediu meças à concorrência e mostrou-se perfeitamente capaz de tocar mais tarde. As canções são serenas, por vezes lembrando até o oeste...americano, mas há uma noção de espectáculo perfeitamente à altura do que vem lá de fora. A internacionalização está mesmo aí...

No Planeta Sudoeste, os Tetine podem ter tocado para meia dúzia de corajosos mas surpreenderam pelo arrojo. Merecem voltar noutras condições. O mesmo não se pode dizer da praga Cidinho & Doca, dupla que conseguiu transformar o espaço num ambiente de baile de finalistas de favela. Só que desta vez não houve tiros.

A expectativa produzida pela poliglota Nneka não se traduziu completamente devido a problemas de som. Mesmo assim, e com inteligência, a alemã deu a volta ao texto e foi agarrando quem por ali passava, invariavelmente de copo de cerveja na mão. Rosália de Sousa passou praticamente despercebida.

O palco reggae continua cheio. Para quem entra no recinto, pode até parecer que é este o espaço com os maiores artistas. Mas não. Desta vez, Al Borosie foi uma bela surpresa enquanto Beenie Man confirmou créditos. O Kubik comprovou ser uma boa aposta para um público mais específico.

in disco digital