A noite que marcou o arranque dos concertos no palco principal do Sudoeste ficou marcada pelas sonoridades da chamada música do mundo com destaque para o Mali de Toumani Diabaté, e Tinariwen. Björk reencontrou-se com o público português aquecendo a fria noite alentejana que não foi suficiente para afastar os muitos milhares de festivaleiros, com destaque para a enorme presença de espanhóis, que se espalharam pelo recinto.
Chegados ao fim da tarde ao local constata-se logo que o recinto foi revisto, e melhorado. O piso com erva bem alta vai disfarçando a tradicional poeira, a organização do espaço bem melhorada com um local para restauração alargado e coberto, e na ponta contrária ao palco principal um triângulo de opções entre a tenda do Planeta Sudoeste- na prática o palco secundário, o palco Positive Vibes sempre cheio de fãs do reggae, e a zona dada às batidas electrónicas transformada numa bonita discoteca ao ar livre. Tudo espaços bem mais preenchidos que a plateia do palco principal.
E no palco maior quem brilhou intensamente foi a islandesa Björk que assinou um dos melhores concertos da época festivaleira. Visualmente muito dinâmico, e colorido, com a cantora em excelente forma bem enquadrada em vistosos jogos de luzes, o concerto ficou marcado pela transformação das suas canções mais emblemáticas com roupagens bem electrónicas bem dançantes como foi o caso de «Army of Me», ou a grande «Hyperballad». Surpresa geral com a aparição do Rei da Kora, como lhe chamou a cantora, Toumani Diabaté, em palco para tocarem «Hope». O concerto terminou com o simbólico «Declare Independence», já no encore, e que já foi dedicado ao Tibete, isto em véspera de arranque dos jogos olímpicos na China. O concerto do Festival até à data.
Toumani Diabaté antes de chegar ao palco principal tinha brilhado com a sua banda no palco Planeta Sudoeste. O mau som, e a inexplicável indiferença do público perante tão ilustre figura, não ajudaram a tornar o concerto inesquecível.
A juventude esteve sempre mais virada para o palco da entrada principal onde se entregavam aos sons e fumos do reggae, e onde brilharam os franceses Dub Inc., assim como para os devaneios electrónicos do espaço Kubik onde Gui Borato levou ao delírio os amantes das batidas dançantes.
Voltando ao palco principal destaque para o regresso dos Tuaregues Tinariwen ao nosso país. Em relação ao concerto de Setembro no CCB o grupo apresentou-se com as vocalistas que dão mais alma à actuação, mas o ambiente frio com que foram recebidos não os fez soar tão encantadores como já os sentimos. Cumpriram a sua tarefa bem melhor que os Balkan Beat Box de quem se esperava um fecho de noite bem animado, mas a repetitiva fórmula sonora acabou por não convencer os resistentes das filas da frente.
Bem recebidos foram os portugueses Clã ao principio da noite, que actuaram depois dos brasileiros Natiruts, e que continuam a mostrar a boa forma que registaram no mais recente disco da banda.
A primeira noite já lá vai, seguem-se mais três de festa no Sudoeste.
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