Camané, Deolinda e David Fonseca foram os grandes vencedores de uma terceira noite morna que teve no Planeta Sudoeste o hot spot.
Há três anos, os Humanos assinaram um dos concertos mais memoráveis da história de um festival que já leva uns respeitáveis onze anos. Em 2008, a aventura que recriou António Avariações não é mais do que uma recordação passada mas cada um dos elementos que tornou o projecto viável continua em grande força.
Depois do belíssimo espectáculo dos Clã, David Fonseca e Camané mostraram porque são dois figurões da música portuguesa. O primeiro é um velho conhecido do Sudoeste e já conhece a estrada de cor. De tal maneira, que o alinhamento terminou com uma versão de «A Little Respect», dos Erasure, popularizada pelos Silence 4.
Foi ele quem mais pessoas chamou ao recinto. Ele foi o verdadeiro cabeça-de-cartaz de uma noite que teve em Vanessa da Mata e, principalmente, Nitin Sahwney, dois soporíferos. As versões de «Together In Electric In Dreams», dos Human League e de «Video Killed Radio The Star», dos Buggles, foram igualmente tiros certeiros.
À mesma hora, os Deolinda comprovavam que o fenómeno é mesmo para valer. Ana Bacalhau é uma estrela do presente. Ignorá-la é como desconhecer o vinho do Porto. Ela canta, dança, desafia, enfim, uma verdadeira performer capaz de reinventar o fado. O recinto esteve cheio do princípio ao fim.
Depois, foi o genial Camané, nervoso com a estreia em modo fadista no Sudoeste mas sempre seguro do seu repertório. Carlos Bica foi o convidado inesperado que abrilhantou uma actuação com uma alma que conquista tribos variadas. E até houve direito a pedagogia com a explicação de que «no fado não se batem palmas».
Igualmente importantíssima foi a primeira vez dos Pontos Negros a prometer um dos melhores discos nacionais para a colecção Outono/Inverno deste ano. As novas canções são assombrosas com especial destaque para o último tema que só não será single se as Twin Towers de Benfica cairem.
Do resto, pouco rezará a história. Brandi Carlile foi tão inconsequente quanto a sua música deixa escapar. No Kubik, tudo correu sobre rodas tal como era esperado. Tiago Bettencourt não convenceu apesar do imenso público feminino. Richie Spice perdeu o avião e ficou em terra.
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