08 agosto 2009

Festival Sudoeste, 2º Dia: Caldo verde e pão tigre

Para a história da edição 2009 do Sudoeste fica uma segunda noite dominada pela língua portuguesa. Inevitavelmente, o momento alto foi de Paulo Furtado que virou costas ao fim de uma música!

Não se pode dizer que o cartaz desta segunda noite a nível de palco principal tenha sido especialmente atraente para quem procura nestes festivais contacto com bandas fora do circuito nacional de concertos, mas a verdade é que a presença de Mariza acabou por juntar um número apreciável de festivaleiros. Em ambiente familiar, os «sudoestanos» aderiram aos fados mais balançados e festivos, também porque a fadista fugiu à lógica do caldo verde e do pão com chouriço. Surpresa das surpresas a versão de «Hedonism» dos Skunk Anansie faltou. Mariza há muito que sabe estender o fado ao conceito largo da world music e passou o teste da Zambujeira com distinção.

Também em português os Deolinda consumaram o seu êxito. No ano passado tinham contagiado a tenda do palco secundário com a sua leitura contemporânea do fado. Este ano chegaram ao palco principal com algumas surpresas, como a presença de bailarinas e uma secção de sopros. Merecida ascensão, embora não tenham arrastado propriamente uma multidão para o imenso espaço em frente ao palco. Acabaram em cima de um autocarro no meio da multidão num dos momentos mais inesperados e originais da noite.

Shaggy, uma das grandes estrelas do dancehall, pode orgulhar-se de ter recebido um enorme calor humano do público ao qual correspondeu com um concerto que entusiasmou e convenceu a tribo do reggae. De toda a programação do palco Positive Vibes, foi o nome maior de sempre, sinal da capacidade de resposta desta produtora.

Ainda no palco principal há a destacar que foi em português que a noite abriu com Carlinhos Brown. O cartaz era fraco mas, mesmo assim, Madcon e Zero 7 conseguiram estar abaixo dos mínimos exigidos, sobretudo os últimos com um soporífero capaz de adormecer um consumidor compulsivo de Red Bull. Muito longe das memórias que tínhamos dos discos com arranjos melódicos, e canções com doces vozes. Agora são só instrumentais experimentais desconexos.

E o momento marcante deste segundo dia também foi registado em bom português. Paulo Furtado não se conformou com o ruído que vinha da Groovebox e ameaçou abandonar o palco logo à primeira música. Como o barulho não diminuiu, o concerto de Legendary Tigerman terminou ali mesmo com Furtado a pedir desculpa aos seus fãs e a virar costas ao Sudoeste. Em bom português!