09 agosto 2009

Festival Sudoeste, 3º Dia: Uma questão de fé



E ao terceiro dia o Sudoeste ganhou a verdadeira dimensão de um grande festival de música com o regresso dos Faith No More, recebido em delírio.

Até às 23h30 do dia 8 de Agosto, o Sudoeste ainda não tinha vivido um momento verdadeiramente excitante e relevante no que à música diz respeito. O aproximar da hora marcada para a aparição de Mike Patton e seus companheiros trouxe uma movimentação de fãs até agora inédita. O que se viveu depois vai ficar na memória colectiva da edição deste ano e, quiçá, da história do festival. Uma banda, milhares de fãs em delírio, canções que tanto agitam como embalam, uma empatia única entre músicos e admiradores, ou seja o sentimento de comunhão que torna a música tão especial.

O último concerto da banda havia sido há mais de um mês na Finlândia. Por isso, os Faith No More chegavam a Portugal frescos para esta nova etapa da digressão. Foi um reencontro quente com Mike Patton a revelar muito boa disposição logo com uma entrada em cena à Dr. House apoiado na sua bengala. Impecavelmente vestido não demorou muito a soltar todo o seu génio que tanto o transforma em vocalista diabolicamente possuído como o leva a cantar em tom de crooner romântico. Arriscou cantar em português esforçado o tocante «Evidence», perguntou mais do que uma vez quem é que tinha estado no concerto que encerrou actividades em 1998 (quando ainda eram uma banda «real», brincou Patton), desceu às primeiras filas para dar voz ao público e recorreu ao megafone e à habitual maquinaria que nos habituámos a ver nas suas visitas com os Tomahawk e Mr. Bungle. Dois encores nem pareceram muito quando vemos que tudo somado a actuação não passou a hora e meia de duração. A banda pareceu divertir-se, e a plateia agradeceu reagindo, e tolerando todos os devaneios dos Faith No More. Foi muito bom, mas hora e meia ainda soube a pouco.

De qualquer maneira foi a hora e meia que marcou terceira noite do festival deixando para segundo plano todos os esforços competentes dos Jet, Blind Zero e X-Wife. Foi a noite Faith No More, e do resto não rezará a história.

Ainda assim, alguém avise os Blind Zero para evitar versões. Se a leitura para «Where`s My Mind» (Pixies) nada acrescentou ao original, a de «Enjoy The Silence» (Depeche Mode) foi um homicídio digno de Charles Manson.

O concerto nem foi mau mas estes dois momentos tornaram-se demasiado infelizes. Bem melhores, os X-Wife mostraram que a máquina está bem oleada. Os Jet esforçaram-se, berraram, gritaram mas sem consequências de maior.

in disco digital