31 julho 2006

8º Festival de Sines: Concertos de dia 29

Depois de um dia passado na praia Vasco da Gama, mais propriamente na esplanada, acabei por subir à zona do Castelo cedo de mais e acabei por não ver Mariem Hassan no palco da avenida. Ouvi boas reacções ao blues do deserto.

Värttinä
Devido ao caos instalado à hora de jantar só consegui acompanhar uma parte do concerto das Värttinä cá fora nos ecrans enquanto a fila avançava em direcção à entrada do Castelo.
Depois ainda vi os temas finais dentro do recinto, mas não deu para tirar uma conclusão objectiva. Do que vi gostei, e do que ouvi também. As três finlandesas são acusadas pela crítica especializada de se terem virado muito para o pop nos últimos anos, tendo deixado para trás as raízes mais interessantes da sua música. Penso que aquilo que se viu no palco de sons pode ser uma mescla entre as duas vertentes, um som mais abrangente e as suas origens não renegadas.
Mas foi um concerto agradavel.

Cordel do Fogo Encantado
Aparentemente foram estes brasileiros os grandes vencedores da noite. A reacção do público foi entusiástica, e deu ideia que arrebataram pelo inesperado. Desconhecidos da maior parte da plateia, conquistaram o seu espaço com uma actuação electrificante. Cheios de genica, com rimas interessantes, um som que misturava instrumentos mais típicos com uma batida mais pesada, cativaram o público para um concerto bem conseguido.
O vocalista Lira Paes tem os seus ares de Wayne Coyne, dos Flaming Lips, e tem excelente presença à frente do grupo pernambucano.
Aparentemente eu não gostei tanto como a maior parte da plateia, mas admito que foi bom.

Seun Kuti & Egypt 80
Este ano o escolhido para fechar o festival no Castelo, e ser brindado com o tradicional fogo de artifício no princípio da actuação, foi Seun Kuti, filho do lendário Fela.
Podemos dizer que a herança ficou em boas mãos, pois Seun consegue dar seguimento ao groove que o seu pai espalhou pelo mundo.
É uma imensa festa em palco, há muitos músicos a acompanhar Seun, coros, percussão e o mais importante; os sopros.
Seun aposta na força dos instrumentos de sopro para dar alma à sua música. Cada tema é uma longa viagem de minutos com base no baixo repetitivo, na guitarra a marcar o ritmo, as percussões a ajudarem até à explosão nos sopros. Depois há a sua maneira de dançar enquanto canta, uma coreografia que faz lembrar Fela sem chocar.
Seun é um comunicador, pediu desculpa por problemas técnicos a serem resolvidos em palco, convidou Tonny Allen para se juntar aos Egypt 80, disse que sabia que nós adorávamos futebol, referiu Figo, Cristiano Ronaldo, e Simão que nesse momento virava as costas a Valência.
Um excelente concerto a fechar o festival no Castelo.

Ivo Papasov & His Wedding Band
Para as últimas horas a avenida da praia encheu-se e ouviu Ivo Papasov. Foi convincente, o som do acordeão sabe sempre bem, o ambiente de festa justifica o nome da sua banda de suporte, e manteve sempre o povo em ligação directa com o que vinha do palco.
Pode parecer ousado, mas devido ao que se assistiu depois bem se pode dizer que Ivo Papasov esteve muito bem na primeira parte de uma noite memorável na praia.

Bailarico Sofisticado
Agora esqueçam qualquer tipo de objectividade nestas linhas. Isto porque vou falar das horas que actuaram os 3 dj's que se dão a conhecer como Bailarico Sofisticado.
Não era fácil chegar ao palco depois do concerto de Ivo Papasov ter acabado perto das 4 da matina, e "agarrar" a multidão que podia debandar, tanto pelo cansaço como pelo sentimento de fim de festa depois da assistirem ao último concerto do cartaz.
O que aconteceu entre o anúncio da chegada do colectivo ao palco, e as 8 da manhã foi uma noite inesquecível de festa até ao sol raiar. Literalmente.
Vítor Junqueira, e Bruno Barros puseram centenas de resistentes a saltar, suar, cantar, e dançar sem parar passando grandes temas de ska, reggae, e tudo o mais que lhes ia dando vontade. Chegámos a bailar ao som do pimba mais sofisticado, depois de ouvirmos Damian Marleys, Madness, Mercado Negro, ou Skatalites.
Foram horas seguidas de folia. Horas que passaram a correr, de repente era de dia, o som continuava a puxar a dança, o cenário da praia ao amanhecer é deslumbrante, e o povo não dava sinais de cansaço. Com a luz do dia ouvia-se baile funk e Bob Marley. Pelas mãos de Pedro Marques chega o reggae mais roots, o melhor que a Jamaica tem para explorar. Óptima banda sonora para um fim de semana que se quer como um dos melhores do ano.
Parabéns aos 3, e que para o ano haja mais!