Começo a fica descansado quanto à herança musical que vamos deixar às gerações que se seguem. Hoje ao ver o entusiasmo com que mais de 5 mil almas se entregavam à música dos Pixies cheguei à conclusão que a minha geração também teve música de muita qualidade na sua adolescência, finais de 80, principios de 90.
Se os Pixies acabaram há mais de 10 anos, se o concerto mais emblemático aconteceu no Coliseu de Lisboa por essas alturas, como é que se explica que a banda venha a Portugal 3 vezes nos últimos dois anos, e ainda suscite admiração da plateia?
Simples de responder, a música que os Pixies fizeram é boa, muito boa, e de certeza que vai durar até às descobertas dos ouvidos dos nossos netos.
Em palco já sabemos com o que contamos, Frank Black e Kim Deal captam as nossas atenções e conservam a mesma pose do princípio ao fim. Desfilam clássicos atrás de clássicos. Todas as canções nos fazem lembrar os nossos anos de jovens rapazinhos, ou raparigas, todas nos dizem algo. É impressionante, são mais de duas dezenas de temas e passam num instante.
Não há ali nada de mais do que esperávamos ver, mas também não há nada que nos decepcione, são os Pixies tal como sempre foram, agora numa fase em que vivem dos rendimentos que as suas canções lhes proporcionam. Fazem bem.
Não há nunca a sensação de seca, nem do público, nem da banda. Sabe bem ouvir as faixas ao vivo dos seus 5 discos de originais.
Um bom concerto que nos garante que temos argumentos para nos orgulharmos daqui a muitos anos quando falarmos da música que ouvíamos aos nossos sucessores.
Na primeira parte os Vicious Five apresentaram a sua versão aguerrida do rock de Up on The Walls em formato curto. Os mais chegados ao palco deixaram-se levar pela extraordinária força dos portugueses e ficaram convencidos, lá mais para trás na plateia era a corrida louca à imensa espera por uma cerveja.
Cumpriram!
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