Um festival à beira do fiasco.
É claro que a organização não podia adivinhar que na noite 8 Julho a selecção portuguesa estaria em campo às 20h a jogar o 3º lugar do Mundial, mas a verdade é que o povo não trocou a bola pela música.
Os nomes do cartaz até eram bem interessantes, mas não passava pela cabeça de ninguém perder o que se passava no Mundial para ir ver os promissores Kudu. Por mim falo, claro.
Cheguei ao recinto bem depois das 22h, e qual não é a minha surpresa, e espanto, quando vejo os Atmosphere a tocarem para umas 50 pessoas! Era um cenário desolador, o recinto em frente ao palco estava vazio, e os Atmosphere davam sinais de descontentamento com tão fria recepção. Perdeu-se uma oportunidade para apreciar o excelente hip hop que mostram nos seus discos. Não havia ambiente.
Dentro de um pavilhão, uns metros ao lado do palco principal, os Téléphatique estavam bem mais animados e tinham tanta gente ou mais a ver e a dançar. Ambiente de festa.
Os únicos que deram sentido ao baptismo deste festival foram os Buraca Som Sistema. Recebidos com entusiasmo conseguiram reunir o maior número de interessados neste novo projecto que tem agitado os nossos meios com o seu kuduro progressivo. Actuação contagiante, seguramente a melhor da noite, e com o povo a entregar o corpo à agitação, sem vacilar.
Ao mesmo tempo os Hot Chip tentavam angariar mais seguidores à sua causa vestida de uma pop electrónica que o seu disco de estreia mostra. Mas nunca se mostraram muito confortáveis com o seu papel, e o público também não foi muito entusiasmante para que tudo se tornasse mais especial. Parece que na véspera tudo correu melhor aos Hot Chip na ZdB com o seu verdadeiro público.
Os Massive Attack vieram dar alguma dignidade aquele palco principal e o recinto ficou minimamente composto e participativo com mais uma visita do grupo. Os Massive Attack não dão maus concertos, a sua música é boa demais para algo correr muito mal, mas também estão numa fase em que não arriscam um milimetro em palco. Andam a promover o seu Best Of, e o alinhamento não foge a todos os temas que já conhecemos. Nem um "lado b" do segundo cd que acompanha a edição especial do best of é arriscado. Cumpriram.
Já passava das 2 da manhã quando no pavilhão começaava mais um DJ Set com DJ Marlboro. A promessa dos sons quentes da Favela Funk deu lugar a canções brasileiras que podiam ter saído da playlist da rádio tropical.
Não aguentem nem meia hora. Grande desilusão.
Este Hype@Tejo não deixa saudades a ninguém.
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