04 julho 2007

Festival Super Bock Super Rock, dia 2 (parte 2): O acto divino

Primeira noite do segundo acto do Super Rock a registar apenas metade da afluência de festivaleiros em relação ao que se tinha visto na última quinta feira. A tribo metaleira ainda é o que era, fiéis seguidores dos seus ídolos. Já a comunidade menos heterogena composta de fãs dos Bloc Party e Arcade Fire respondeu em menor número, por volta de 20 mil pessoas, ao apelo de uma noite a ameaçar chuva, mas compensadora.

Para quem, como eu, estava com um secreto receio que a performance de Paredes de Coura não fosse igualada, os Arcade Fire responderam com uma energia, e uma entrega emocionante. Já ia bem lançado o concerto quando umas tímidas pingas de chuva abençoaram aquela reunião. O povo rendido, hipnotizado, e entregue à causa de 10 seres maiores que pisavam um palco com pinta de igreja. Cortinas vermelhas como fundo, vários pequenos, e redondos, ecrans espalhados entre os músicos que projectavam a imagem da bíblia em neon que ilustra a capa deste novo trabalho. Se eles representam uma religião então é a ela que eu pertenço. A vantagem destes canadianos é que só sabem fazer canções grandiosas. Foi assim no disco de estreia, e voltaram a confirmar tudinho na nova edição deste ano. Pelo meio tinha ficado uma inesquecível passagem por Coura, portanto esta é uma banda só com pontos altos aos nossos ouvidos. Desde o arranque ao som de «Black Mirror» que o vocalista Win Butler e seus pares agarrou o público com uma actuação sempre em alta , e que no momento de «Neighborhood #3 (Power Out)» atingiu o auge, e por aí se manteve até ao fim com uma recta final avassaladora!

Antes tinham estado em acção os Bloc Party que tinham em comum com os Arcade Fire o facto de também terem assinado uma boa passagem por Coura. Mas desta vez a actuação dos londrinos não foi tão convincente. Houve momentos altos com a passagem pelos hits de «Silent Alarm», especialmente com o single que serve uma operadora de telemóveis, mas o facto de os dois discos editados serem desiquilibrados reflecte-se ao vivo, e nem a esforçada prestação de Kele Okereke consegue catapultar os Bloc Party para uma dimensão superior. Assim ficam-se por um concerto regular.

Surpreendente, em particular para quem não os conhecia, foi a apresentação dos Magic Numbers às primeiras horas da noite. Conseguiram transmitir a sua pop delicada que os seus discos anunciam, e fizeram valer as suas canções já rotuladas de California Sixties em formato quase familiar. Para ser perfeito só faltou o respectivo sol aparecer.

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