Na segunda noite do Acto 2 do Super Rock assistiu-se ao triunfo das batidas dos LCD Soundsystem sobre a caricatura depressiva anos 80 dos Jesus & Mary Chain. O confronto não foi suficientemente apelativo para atrair novas, e velhas gerações de fãs de música. Nem a interessante presença dos Maximo Park evitou que esta fosse a noite mais fraca em termos de festivaleiros no recinto. Ficam a perder todos os que não viram a grandiosa actuação da banda de James Murphy.
É já uma tradição no 13º Super Rock, o último concerto da noite é sempre arrebatador. Aos Metallica, e aos Arcade Fire, juntam-se os LCD Soundsystem com um concerto digno de figurar nos primeiros lugares do ranking desta edição. Pairava a incerteza perante o sucesso na transição do excelente «Sound of Silver» para palco. Se dúvidas ainda existiam com o avançar do concerto foram liquidadas logo na fabulosa interpretação de «All My Friends». Os LCD funcionam na perfeição ao vivo, os sons saem-lhes fortes, incisivos e contagiantes. O ritmo leva qualquer corpo a esboçar uma dança, e a voz de James Murphy está à altura do compromisso de apresentar canções como «North American Scum». Um grande concerto algures entre o rock e a música de dança, em que os LCD se confirmam como uma banda sólida de palco.
Foi um encerrar de noite entre pulos, e muita dança, que sucedeu a um dos momentos mais misteriosos deste Super Rock. Antes do triunfo de Murphy, tinham actuado os Jesus & Mary Chain. O objectivo dos irmão Reid e companhia foi cumprido, ou seja ninguém ficou indiferente a esta ressureição. Houve quem detestasse, houve quem adorasse. A verdade é que há motivos para ambos os lados. Para quem cresceu ao som de «Psychocandy», editado há mais de 20 anos, não consegue evitar um sentimento de emoção ao ouvir aquelas músicas. Aliásm o alinhamento escolhido foi feliz e juntou clássicos dos diferentes discos com temas novos que farão parte de um novo disco. Em contraste com a emoção própria de quem os recorda está o duro facto de olharmos para os Jesus & Mary Chain ali à nossa frente e sentirmos que estão feitos uns meninos. Os cortes de cabelo, o som limpo, a atitude passiva, tudo contraste com as nossas memórias de passagens anteriores pelo Pavilhão Carlos Lopes, ou pelo Super Rock de 1995. De qualquer maneira acabaram por dar uma concerto digno já que deram bem a volta a uma entrada em cena desastrada, e depois de um engano com direito a recomeço no clássico «Some Candy Talking». A partir daí melhoraram mas não o suficiente para sairem de Lisboa triunfadores.
Bem energético, e motivado estava o líder dos Maxïmo Park Paul Smith. De regresso ao nosso país, depois de uma passagem pelo Sudoeste, e com álbum novo («A Certain Trigger») na bagagem, defenderam bem o prestígio de serem editados pela selecta Warp, editora mais dada a electrónicas, e exposeram o seu rock pop com grande entrega, e muita comunicação com um público em número reduzido, mas conhecedor e apreciador da sua música. Prometem voltar.
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