04 julho 2007

Festival Super Bock Super Rock, dia 2 (parte 1): A desilusão Klaxons

Cinzenta. Mais em termos atmosféricos do que musicais, felizmente. Foi assim que começou a tarde do primeiro dia do segundo acto do Super Bock Super Rock, versão 2007. Das bandas nacionais ficaram memórias diversas, coube aos britânicos Klaxons a primeira desilusão do dia.

A tarde começou ao som dos Y?, vencedores do concurso Super Bock Super Rock Pre-Load. Actuaram, como prémio, quinze minutos, num concerto do qual se podem orgulhar e contar, um dia mais tarde, aos netos. Infelizmente, para os presentes, na retina fica pouco mais do que a boa voz – e presença – da vocalista, e uma sonoridade que lembra os Guano Apes com mais ligações ao metal. Foram algo inconclusivos e inócuos, mas mesmo assim animaram algumas dezenas de pessoas neste começo de tarde. Posteriormente, coube aos Bunnyranch o primeiro excelente concerto deste Act 2, lição de bom rock’n’roll facção guitarras mais teclados – tudo isto com sentido de humor e extrema pertinência. Fizeram, certamente, alguns amigos na tarde de ontem.

O arranque do concerto dos The Gift foi pontuado por uma série de problemas técnicos que limitaram boa parte da manobra dos quatro de Alcobaça. Se a hora (cedo, cedíssimo) a que tocaram levou a alguma desmotivação da parte dos músicos, a verdade é que não foi por actuações como a de ontem que os The Gift estão onde estão – seguros e plenamente firmados no panorama pop/rock nacional. Ontem, foram algo previsíveis e sem chama, em concerto eficaz e pouco mais, que só na recta final ousou realmente levantar. Na retina: a camisola transparente de Sónia Tavares, a gravata de Nuno Gonçalves, e o final de «So Free», ainda e sempre uma das melhores canções da banda.

Seguiram-se no alinhamento os Klaxons, uma das maiores desilusões da noite. Na verdade, os temas da banda são, regra geral, bons, não obstante serem pouco diferentes entre si. Todavia, a sensação de estar-se a assistir a um concerto em tudo semelhante ao que é ouvido em disco não foi, certamente, aquilo que muito boa gente esperava. As filas da frente agitaram-se, mas no geral ficou o amargo travo da decepção. Fiquemo-nos pela boa memória da estreia em álbum e pelo íntimo desejo de nova oportunidade, ao vivo, para breve trecho.

In Disco Digital por Pedro Figueiredo