A primeira noite do Alive! teve como atractivos maiores, no palco principal, três projectos plenamente consolidados em terreno nacional. Do vibrante concerto dos tugas Blasted até a mais um excelente concerto dos Pearl Jam, houve ainda tempo para um eficaz - todavia pouco desafiante - concerto dos Linkin Park.
Os Blasted Mechanism entraram em palco para, pouco depois, apanharem o pôr-do-sol, fazendo a passagem do dia para a noite. Quem já os viu ao vivo, sabe ao que vai. Quem se estreia nestas lides, depara-se com um alucinante espectáculo que vai muito além da música em si mesma; com efeito, a componente visual do conceito Blasted toma papel essencial na total compreensão de um projecto que assume como poucos - e sem receios - o seu papel único e marcadamente pessoal no panorama musical nacional. O concerto da noite passada arrancou forte («Battle of Tribes» e «I Believe» no arranque) e o maior elogio que se lhe pode fazer é que nunca esfriou. A novidade «Sound in Light» foi, naturalmente, o motor daquele que foi, provavelmente, o primeiro grande concerto do Alive! Oeiras.
Os Linkin Park regressaram a Lisboa na primeira noite do Alive! Oeiras para apresentar o novo disco «Minutes to Midnight», disco mais ousado que material até então apresentado pela banda. Ao vivo, contudo, boa parte do repertório apresentado visou material de outros tempos, tempos onde o rótulo de nu-metal que lhes era colado não era, de todo, descabido. Das sonoridades mais densas e atmosféricas (e interessantes) de «Minutes to Midnight» pouco se ouviu a noite passada. Tecnicamente, o concerto dos Linkin Park foi certeiro. Destilaram os clássicos de forma intercalada, conseguindo com isso prender de forma regular a atenção dos fãs. Em suma: cumpriram e deram um concerto eficaz e enérgico, mas podiam ter sido mais desafiantes.
Passavam 40 minutos da meia-noite quando tudo fez sentido num momento de brilhante sintonia. No palco, Eddie Vedder cantava a plenos pulmões «I`m Still Alive» perante o delírio da plateia do... Alive!
O último concerto do primeiro dia não foi um concerto qualquer, porque as passagens dos Pearl Jam por Portugal nunca são banais. Há uma impressionante química entre a banda e os seus fãs portugueses. Eddie Vedder, cuja figura foi auditivamente elogiada pelas babadas representantes do sexo feminino ao longo de todo o recinto, adora o nosso país, por isso esteve cá desde 4ª feira a surfar com amigos, e quando chega ao palco transmite a emoção de quem se sente em casa, e é bem acolhido. Dedicou canções aos companheiros de prancha, a bebés gémeos que conheceu, fez questão de ler as suas mensagens em português, recordou as passagens por Cascais, e antes de esticar o concerto até ao limite horário possível explicou que tinham de partir porque hoje actuavam em Madrid. Perante os assobios lusos Eddie mostrou que já estava à espera da reacção e disse: «um amigo meu pediu-me para dizer isto - que se f... Madrid!». Foi ver mais de 30 mil a rir aplaudindo freneticamente.
O arranque de duas horas de concerto foi ao som de «Corduroy», «Do the Evolution» eWorld Wide Suicide». Foi o mote para um desfile de canções que marcam a carreira dos rapazes de Seattle, e fazem parte da vida dos milhares que os recebem sempre de braços abertos. Quando na recta final se cantava o tema de Neil Young, «Rockin' in the free world» antes do tradicional «Yellow Ledbetter» com que costumam encerrar os concertos, todos já pensavam no regresso dos Pearl Jam. Todos mesmo, público e banda.
Um final apoteótico para o primeiro dia do palco principal do Alive!.
in Disco Digital por JG e Pedro Figueiredo
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