No último dia do Alive o palco principal foi invadido pelo hip hop, e um parente distante do reggae, mas os seguidores dos géneros não apareceram em grande número. Foi pena, porque só a presença dos Beastie Boys justificava maior adesão.
Por volta das 23 horas acontece o momento mais esperado do Festival, o mítico DJ Mix Master Mike deu o mote sacando dos pratos de vinil os beats certos até lançar Body Movin` que marcou a entrada em grande estilo de MCA, Mike D, e Adrock. Foi a estreia dos Beastie Boys em Portugal, e com fatiotas a condizer. Os três de fato, gravata e óculos escuros atacaram de rajada «Root Down», «Triple Trouble» e «Sure Shot» em alta voltagem. Tudo se encaminhava para um concerto arrebatador, e inesquecível.
Mas os rapazes optaram por cortar o ritmo passando a apresentar os temas instrumentais do seu novo disco, o que até se percebia se não houvesse um concerto instrumental marcado para o dia seguinte , e se esta não fosse a estreia absoluta deles perante um público que esperou duas décadas para os ver. Mereciamos um concerto 100 por cento old school, e deixava-se os instrumentais para amanhã. Não foi essa a decisão da banda e então ficámos com uma actuação de altos e baixos. Claro que quando se dedicaram a temas como «Super disco breakin» , «The maestro»,«Skills to pay the bills», «Pass the mic», «Something`s gotta give» e até o básico «Brass monkey», ou «No sleep till` Brooklyn» a plateia reagia com justificada euforia, e as expectativas eram amplamente correspondidas.
A saída foi apoteótica com «Intergalactic», e o soberbo «Sabotage» a dar um final no auge como era desejo da banda. Foi um bom concerto que podia ter sido fabuloso.
Entre os fãs de Beastie Boys andaram os elementos dos Da Weasel que deram mais um sólido concerto antes dos nova iorquinos. A banda de Pacman está muito bem oleada ao vivo, atingiu o raro estatudo de consenso entre crítica e público, e passeia os seus êxitos pelos maiores palcos do país sem o menor problema. Em registo best of, com algumas passagens pelo novo disco, lá vão deixando as mensagens importantes como o uso do preservativo, chamam a atenção para o problema do racismo, animam as ninas com temas já clássicos, e são um valor seguro onde quer que actuem. Há dois destaques nesta passagem por Oeiras, a importante dedicatória a Marta Ferreira, manager dos Xutos & Pontapés falecida recentemente, e a chamada ao palco de um «gajo grande», segundo Pacman, Matisyahu. De resto foi irónico ver muitos dos jovens fãs virarem costas ao recinto após a actuação da banda de almada, não tendo interesse em ver uma banda que influenciou fortemente os seus ídolos.
Matisyahu foi a excepção ao hip hop neste útimo dia. Veio de propósito a Portugal só para actuar neste Festival e arrastou alguns simpatizantes do reggae branco tão em voga entre as gerações mais novas. Não se pode dizer que tenham sido momentos entusiasmantes mesmo para quem gosta de reggae, o israelita tem uma poderosa secção ritmica, e consegue fazer êxitos como «King Without a Crown» de onde descendem os outros temas. Enquanto a sua selecção empatava no Europeu sub 21, o rapper(?) agradava à sua plateia, e isso é que interessa.
Com muito mais intensidade foi a abertura do dia com Sam The Kid a assinar um bom concerto que envolveu tudo e todos. Em palco uma equipa de respeito, onde além dos habituais companheiros se destacavam dois Cool Hipnoise, João Gomes nas teclas e Francisco Rebelo no baixo. Em grande estilo a rimar, com um diálogo muito própria com o público, Sam teve passagem triunfadora pelo Alive. Chegou a levar para o palco uma fã com quem cantou «19/12/95», e andou cá em baixo bem junto ao povo que de vez em quando partilhava o micro. Aposta ganha.
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