À segunda foi de vez. Depois do concerto algo desiquilibrado na última noite do Alive, os Beastie Boys presentearam os seus fãs na Aula Magna com uma excelente actuação que ficará na memória de todos os que responderam ao apelo do show instrumental.
É justo esclarecer que esta é a crónica de alguém que teve o privilégio de ver dois concertos dos Beastie Boys num espaço de 24 horas. Por isso as comparações são inevitáveis, podendo o leitor consultar o relato da última noite do Alive aqui publicado ontem.
Não será exagerado dizer que a maior parte dos que rumaram à sala da Aula Magna, muito elogiada pela banda durante o concerto, iam com baixas expectativas esperando ver um concerto morno à volta dos temas instrumentais de «The Mix Up», o disco que está para sair. E quando assim é, mais fácilmente se ultrapassam as expectativas. Neste caso foram ultrapassadas e dizimadas, porque assistimos a um concerto fantástico fruto de uma soma de factores essenciais para um resultado inesquecível.
Os seis elementos em palco estavam com um humor contagiante, com natural destaque para Adrock o mais comunicativo, e dinâmico. Destaque para o momento em que Adrock afirmou que nunca tinham tocado para tanta gente sentada chegando mesmo ao ponto de descer às doutorais e sentar-se olhando para o resto da banda em palco enquanto fingia adormecer ao som de embalar que logo os companheiros começaram a tocar.
Desde a entrada em palco, ao som de «Welcome To Jamrock» de Damian Marley, que se percebeu que a noite não ia ser tão morna quanto se pensava. Logo de início atacaram «Live at PJ`s», e «Pow» do disco «Check Your Head» editado em 1992 e pelo meio apresentaram «B for My Name» do novo disco. O mote estava dado, durante duas horas ouvimos os clássicos de discos antigos, com destaque para «Hello Nasty», de 1998, e o já mencionado «Check Your Head». Tudo funcionou muito melhor do que na véspera, porque os temas instrumentais nunca cortaram de forma abrupta o ritmo do concerto, e ouviram-se temas como «Remote Control», «Egg Raid on Mojo», «Ricky’s Theme», «The Maestro», «In 3`s», «Mark on the Bus» e «Jimmy James».
Pelo meio houve diálogo hilariante com a plateia, especialmente com um fã que não se cansava de gritar algo indicifrável cá em baixo. Adrock, MCA, e Mike D bem se esforçaram por perceber acabando por desistir imitando os sons que lhes chegavam perante a risada geral. Mais sorte teve uma jovem que à segunda tentativa conseguiu «rappar» de maneira convincente, tendo direito a uma resposta vinda dos pratos do grandioso DJ Mister Master Mike!
Sempre com conversas do mais fino humor entre os elementos da banda, o ambiente da Aula Magna estava fabuloso. Quando chegou a altura do tradicional intervalo antes do encore os Beastie Boys preferiram explicar que iam poupar tempo e iam continuar em palco para mais umas músicas.
No momento de se decidir que tema tocar, o consenso entre plateia e palco não foi atingido e houve quem pedisse “Sabotage”. Um pedido que Adrock classificou de inútil porque esse é o tema que sempre encerra os concertos; «m gajo depois de tocar o «Sabotage» tem que ir embora, não dá para tocar outra coisa qualquer!». Foi então que Mike D ouviu o pedido para «Three MC`s and One DJ» que , pelos vistos, não era cantado ao vivo há algum tempo deixando mesmo Adrock apreensivo não disfarçando um «Oh my god». A verdade é que foi esse o momento da noite. Os três MC`s em poses de teledisco, e o DJ a fazer magia nos vinis, e a plateia em extâse! Depois disto só mesmo o caótico «Sabotage» para terminar uma noite inesquecível!
in Disco Digital
-