É possível ter em palco uma banda que reúna a alegria das vibrações reggae, combine o ritmo tribal africano com as percussões sul americanas, e apresenta uma vocalista que canta tão bem quanto dança emanando uma beleza selvagem? É. E é possível um concerto ser uma enorme celebração que se alastra do palco até à última fila da plateia não deixando ninguém indiferente, havendo mesmo crianças a pular e a dançar na sala? É. Onde há Terrakota há tudo isto e muito mais.
Com uma hora de atraso em relação ao horário divulgado os Terrakota entram em palco e começam a desfilar as músicas do seu novo disco. A plateia reage mas ainda de forma tímida com os corpos sentados. No fim de «É Verdade», o excelente primeiro single deste novo trabalho, já tinhamos o milhar de pessoas que quase encheram a sala em pé a dançar. Ou seja, ao fim de dois temas já havia sintonia total entre palco e plateia. É aí que Junior saúda os presentes: «Olá Família!» É isto mesmo, os Terrakota ao vivo fazem-se rodear da família. E a família vai da tribo mais freak, ao pessoal que não teve tempo de ir trocar o fato e gravata a casa, passando pelo excêntrico Jel, ou pelo discreto Júlio Pereira. A família somos todos nós.
Não admira que no palco sucedam as mudanças de músicos além dos membros fixos dos Terrakota. Muitos amigos vão se juntando à festa, secção de sopros, mestres da percussão, sitar, berimbau, tudo vale para dar mais som à música da banda.
Num momento estamos a balançar ao som de um afrobeat com instrumentais poderosos, noutra altura já andamos a saltar alegremente não conseguindo resistir às sonoridades contagiantes do reggae. É entre estes mundos que se movem as canções novas, com algumas mais antigas à mistura, dos Terrakota. A família conhece o guião, sabe o que espera, e não descansa um segundo.
No palco, Romi capta todas as atenções com as suas danças exóticas, tem uma beleza natural que só com os seus movimentos alegra qualquer espaço, e depois está a cantar melhor do que nunca.
São duas horas sem parar até aos encores, uma enorme celebração de música, e dança, há crianças à solta, a sala cada vez mais quente, e basta fechar os olhos por momentos para nos deixarmos levar pelos sons que nos transportam para o cenário do Castelo de Sines em noite de Festival Músicas do Mundo (já falta pouco!), por exemplo. Podemos vaguear no imaginário de viagens entre a Jamaica, e África, mas estamos em Lisboa. É esta a magia dos Terrakota a tocarem melhor do que nunca, e a apresentarem o seu melhor disco até à data.
Não percam nenhum concerto destes irmãos!
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