Não pela sua altura, é mesmo pelo gesto pleno de oportunidade que o Ricardo Araújo Pereira hoje tem n'A Bola.
Ao contrário de toda a ala de colunistas, analistas, comentadores, ditos atentos, imparciais, e preocupados com a liberdade de expressão no jornalismo, R.A.P. aproveita o seu espaço no jornal A Bola para chamar atenção ao inacreditável episódio entre o Belenenses e o jornal Público onde só o jornalista que assinou a reportagem do Festival SBSR saiu perdedor, e isolado.
Não li nenhuma reacção dos pesos pesados que tanto se preocupam em defender a liberdade. E estamos a falar de um dos principais diários do país.
Assim o gesto de R.A.P. tem ainda mais sentido e significado.
Para recordar sempre este parágrafo que aqui reproduzo ( e que todos os autores de blogues preocupados com o estado do jornalismo deviam reproduzir ):
Verdadeiramente difícil — e, isso sim, milagroso — não é fazer do Benfica campeão. É fazer com que o Belenenses desça à segunda divisão. Recentemente, vários treinadores têm tentado a proeza sem êxito. Nos últimos quatro anos, o Belenenses desceu duas vezes à segunda divisão e, mesmo assim, conseguiu ficar na primeira. Tem óbvias vantagens: assim, o clube pode dedicar à crítica musical o tempo que gastaria a preocupar-se com o futebol. Se fosse um clube que, como os outros, estivesse sujeito à descida de divisão, não poderia desperdiçar tempo com estas matérias. Na semana que passou, um jornalista do Público teve a ousadia de escrever, numa crítica a um concerto do Super Bock Super Rock, que o estádio do Restelo costuma estar às moscas. A direcção do Belenenses escreveu uma carta ao Público a chamar boi ao jornalista e exigiu um pedido de desculpas — que aliás obteve. O mesmo jornal que, no caso das caricaturas de Maomé, considerou que as desculpas eram injustificadas, pede desculpa ao Belenenses por uma crítica musical. Américo Thomaz, esteja onde estiver, repousará com certeza satisfeito.
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