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05 julho 2009
Kylie Minogue no Atlântico: Pobre pop
(Foto: Rita Carmo)
A estreia de Kylie Minogue foi um fracasso de bilheteira mas a pequena loura australiana recompensou os poucos fãs, entre eles Cristiano Ronaldo e o seu clã, com uma boa performance num concerto que não foi dos mais espectaculares que já se viu naquela sala, mas serviu para compensar tantos anos de espera do público português.
As luzes do pavilhão desligaram-se 17 minutos depois das 21h00 escondendo assim o balcão superior encerrado ao público, as enormes clareiras nas restantes bancadas, ficando só as luzes do palco a iluminar as primeiras filas da plateia onde os dedicados fãs não se cansaram de cantar, dançar, e gritar o nome de Kylie. Um fracasso de bilheteira inesperado devido ao facto da cantora nunca ter vindo ao nosso país, e ser senhora de uma obra musical já com mais de vinte anos de êxitos reconhecidos à escala mundial.
Indo directo ao assunto há que dizer que a favor de Minogue há a destacar a sua excelente forma, imagem, e qualidade vocal que se mantém impecável. O que é importante - não tanto pela sua idade Kylie tem 41 anos portanto está longe de ser uma veterana - mas mais pelo conhecido abalo que sofreu recentemente devido a um cancro da mama. É só por esta boa forma já valeu a pena esta sua estreia por cá. O concerto no seu todo cumpriu as expectativas. Não deslumbrou, mas também ficou longe de decepcionar. Porque razão esta estrela não brilhou mais?
Porque o público habituou-se a ver nesta sala grandes produções próprias das estrelas maiores da pop, como foram os casos dos concerto de Beyoncé, ou Alicia Keys, só para dar como exemplo eventos mais recentos. O que Kylie anda a fazer actualmente é uma espécie de pré-temporada para a sua primeira grande digressão americana. Assim aproveita por visitar cidades em que nunca esteve, e assina concertos mais económicos. As grandes observações vão para um palco minimalista onde apenas há duas ilhas ocupadas pelos músicos, não surgindo grandes surpresas que seriam supostas numa diva MTV como Kylie. Todo o estimulo visual vem apenas no cenário do palco que é uma tela onde sucedem imagens, grafismos, e vídeos associados aos diversos temas. O facto de haver quebras entre as músicas com silêncio total em palco também já não se usa neste tipo de espectáculos.
Tudo isto é comprovado na primeira parte do concerto quando em três temas seguidos o grafismo, e coreografia vista em palco é com as cores da bandeira norte americana, com cheerleaders à solta, e o imaginário do futebol americano bem vincado. Mas como dissemos mais acima Kylie não desiludiu e desfilou de forma aleatória sucessos reconhecidos por todos aos primeiros segundos. A sua grande vitória em termos de carreira foi renascer no início desta década a reboque do som electro-disco-pop mais perto da cena gaulesa do que britânica. Quando já não se contava com ela para história pop deste século Kylie soube dar sehuimento ao grande sucesso de 2000 «Light Years» e continuou a somar êxitos com mais três discos até 2007. A maior parte deles ouviram-se esta noite no Atlântico que vibrou mais quando se revisitou os anos 80 com natural destaque para «I Should Be So Lucky» que encerrou um concerto que não teve mais de hora e meia de duração, e não contou com «The Loco-Motion».
Uma noite em que o público ignorou a vitalidade de uma estrela maior da pop que defendeu a sua fama com um concerto satisfatório.
in disco digital